Picolé narrando Pilotando direto de Minas até o Rio, o vento batendo forte na cara, a cabeça a milhão. A moto rugia na estrada, cortando o asfalto com aquele barulho alto, que era o único som me distraindo da merda de pensamento que me rondava. A p***a daquela caixa, a cabeça da Mariana, os olhos dela olhando pra mim como se me culpassem. — c*****o, que vida fudida, Picolé. Que vida fudida! Tudo por culpa daquela fudida, desde então minha vida foi por água abaixo — murmurei, sentindo o aperto no peito enquanto acelerava mais. Eu precisava sumir do mapa. Minas já não era mais seguro, e o Gorila provavelmente botou preço na minha cabeça. Só tinha um lugar que me dava chance de respirar: Xerém. Longe o suficiente da Providência e da Cidade Alta pra ninguém dar conta que eu tô de volta