Era uma madrugada fria e silenciosa quando Bella acordou, o corpo tenso e os olhos arregalados. Ela estava em uma das poltronas da biblioteca, com livros espalhados ao seu redor, cercada por um silêncio absoluto. O que a havia acordado não foi o som da tempestade lá fora, mas uma sensação estranha, como se algo estivesse errado. Ela se levantou rapidamente, sentindo a rigidez dos músculos, e percebeu que tudo ao seu redor estava imerso na escuridão mais profunda.
O vento forte lá fora, acompanhando a tempestade, fazia com que a casa rangesse em alguns pontos, mas o que realmente a incomodou foi a falta de luz. Bella, agora mais alerta, olhou pela janela e viu que a cidade estava inteira sem energia. Não havia luz nas ruas, e a escuridão parecia engolir tudo. Ela franziu o cenho, percebendo que, se a luz estava apagada em toda a região, isso significava que o gerador da mansão provavelmente também havia parado de funcionar.
Sentiu uma pontada de preocupação, e sua mente imediatamente foi para o pequeno Henrico. Ele devia estar com a babá, mas o instinto de proteção de Bella a fez decidir verificar como ele estava. Ela caminhou pela biblioteca, com os pés descalços tocando o piso frio, ainda com uma sensação de incomodada. Seu coração batia mais rápido, e uma leve ansiedade começava a tomar conta dela.
Ela sempre ficava tensa durante tempestades, especialmente aquelas que pareciam mais intensas do que o normal. Mas naquela noite, havia algo mais. Algo que não conseguia identificar. O silêncio estava absoluto, quebrado apenas pelos trovões distantes e pelo som das gotas de chuva batendo contra as janelas.
— "O que está acontecendo?" — Bella murmurou para si mesma enquanto atravessava a biblioteca. Ela sentia uma sensação incômoda de que algo estava fora de lugar. O ar parecia denso, e cada passo que dava parecia mais difícil, mais pesado. Ela odiava que a biblioteca fosse tão longe dos quartos. A casa parecia maior e mais assustadora à medida que a escuridão aumentava. Cada trovão fazia seu corpo encolher, seu coração disparar um pouco mais rápido. A tensão no ar aumentava com a tempestade lá fora, e Bella se perguntava se o gerador estava funcionando, se a segurança da mansão estava comprometida.
A cada passo que ela dava, parecia que a escuridão crescia mais, a deixando mais vulnerável. Ela passou pela porta da biblioteca e seguiu para o corredor, um corredor longo e sombrio que levava até os quartos. Ela desejava que a tempestade passasse logo, que tudo fosse apenas uma pequena interferência, uma coincidência. Mas, à medida que caminhava pela casa, Bella sentia como se estivesse sendo observada. Era uma sensação estranha, inquietante, que a fazia acelerar o passo.
O som dos trovões parecia cada vez mais próximo, e a cada explosão de luz no céu, Bella se encolhia, como se pudesse ser atingida por alguma força invisível. Mas então, ela ouviu algo. Passos. Suaves, quase imperceptíveis, mas ali. Um arrepio subiu por sua espinha, e ela parou, congelada por um momento. Talvez fosse a tempestade, talvez fosse sua imaginação, mas a sensação de que estava sendo seguida, observada, só aumentava.
Ela girou sobre os calcanhares, tentando ver na escuridão, mas não havia nada. O corredor estava vazio, mas ainda assim, ela podia jurar que alguém estava ali. O som dos passos continuava, cada vez mais próximos, e Bella sentiu seu peito apertar com um pânico crescente. Ela não conseguia mais distinguir o que era real e o que era fruto de sua mente, mas algo a dizia que ela não estava sozinha.
Com o coração disparado, Bella começou a andar mais rápido, a pressão em seu peito a fazendo respirar com mais dificuldade. Cada passo parecia mais apressado, mais desesperado, e ela sentiu uma onda de pânico tomar conta dela. Ela sabia que a casa estava grande, que a tempestade estava forte, mas tudo parecia estar contra ela. O som dos passos atrás dela se intensificava, e sua mente estava tão sobrecarregada que não conseguia mais pensar com clareza.
Foi quando os passos se aproximaram ainda mais, que Bella, tomada pelo desespero, começou a correr. Seu corpo estava tenso, sua mente em caos, e ela não conseguia parar. Corria pelos corredores escuros da mansão, sentindo o piso escorregadio sob seus pés, ouvindo a batida frenética de seu coração no ouvido. Ela passou por várias portas, mas não tinha ideia de onde estava indo, de como poderia sair daquela sensação sufocante de ser perseguida.
O som de passos atrás dela parecia estar tão próximo que Bella se sentiu como se estivesse sendo seguida por algo ou alguém invisível. Ela olhou para trás, mas não havia ninguém. Só a escuridão e o medo.
De repente, algo forte a agarrou. Foi como se mãos invisíveis a tivessem pegado, impedindo-a de se mover. Bella tentou se libertar, mas não conseguia. O medo tomou conta dela, e ela tentou gritar, mas a voz não saía. Ela se debateu, desesperada, mas sentiu a escuridão tomar conta de sua visão. Os olhos começaram a pesar, e antes que pudesse entender o que estava acontecendo, o mundo ao seu redor desmoronou, e Bella desmaiou, envolta em uma escuridão total.