Capitulo 5

1460 Palavras
*Não fiquem com dó da mãe de Pietro ela e uma bruxa chantagista *** A casa principal da família Medici estava mais movimentada do que Pietro gostaria de admitir. Cada canto estava preenchido por mulheres de várias partes da Itália, todas bem vestidas, sorrindo com uma perfeição desconcertante, como se estivessem participando de um evento social importante. No entanto, a verdadeira razão para tantas mulheres estarem ali, no salão principal, era bem diferente. Sua mãe, Dona Elisa Medici, havia organizado uma espécie de reunião para apresentar possíveis esposas para Pietro. Mulheres de boa família, todas com idade de se casar, como se fossem um cardápio de opções que sua mãe acreditava que ele deveria escolher, sem sequer se importar com sua opinião. Pietro estava irritado, a frustração pulsava em suas veias. Ele não entendia o que estava acontecendo. As mulheres que sua mãe convidara estavam ali, como se fosse sua escolha, desconsiderando sua vontade. Ele sentia que tudo estava sendo decidido por ela, tentando forçá-lo a desempenhar um papel que ele não queria. O que ele desejava, mais do que qualquer coisa, era paz. Mas aquele encontro, com todas aquelas mulheres e seus olhares calculistas, não era mais do que uma tentativa de controlar sua vida. A frustração tomou conta dele como uma onda avassaladora. Ele subiu as escadas até o andar de sua mãe, onde ela o aguardava, com a postura rígida e um sorriso acolhedor, mas falso, como se estivesse prestes a dar a boa notícia. Quando Pietro entrou no escritório, a primeira coisa que fez foi lançar um olhar furioso para sua mãe, que estava calmamente sentada à mesa. — Mãe, o que diabos está acontecendo aqui? — Pietro disse, a voz tensa de raiva. — O que são todas essas mulheres? Dona Elisa, com a elegância que sempre a caracterizou, não se abalou com o tom do filho. Ela olhou para ele com um sorriso suave, mas seus olhos eram como lâminas afiadas, penetrantes. — Pietro, meu querido — disse ela, levantando-se da cadeira e indo até ele com passos firmes, como uma comandante que havia preparado o terreno. — Eu sei que isso está sendo inesperado, mas as crianças precisam de uma mãe. O que está em jogo aqui não é só o que você quer, mas também o que é melhor para a família, para o futuro. Pietro a olhou com incredulidade, como se ela estivesse vivendo em um mundo completamente diferente. Era como se ele fosse apenas uma peça no tabuleiro de xadrez da família Medici. Ele não conseguia acreditar no que ouvia. — Não, mãe. Isso é um absurdo — ele gesticulou com as mãos, exasperado. — As crianças precisam de uma mãe? E o que eu sou? Apenas alguém que está aqui para cumprir uma obrigação? Eu dei minha juventude para essa maldita família, dei tudo o que tinha, e nem sequer consegui escolher minha primeira esposa! E agora você quer que eu aceite que você escolha minha segunda esposa? Eu nem sei se vou me casar de novo! A raiva de Pietro transbordava, e ele não conseguia mais se conter. Sentia que sua vida estava sendo tomada por decisões que ele não queria tomar. Sua mãe, com sua postura impecável e fria, parecia não entender a revolta dele. — O que você está dizendo, Pietro? — Dona Elisa disse, tentando manter a calma, mas a tensão já estava visível em sua voz. — Você não entende, não é? As crianças precisam de uma figura materna. Eu não posso simplesmente esperar que tudo se resolva por si só. Precisamos de alguém que cuide delas, que ofereça o amor de uma mãe, ou, no mínimo, de uma madrasta. Somente uma mulher de boa família pode fazer isso, Pietro. Só elas têm a educação, os modos, a experiência para assumir esse papel. Pietro respirou fundo, tentando se controlar, mas o ódio em seu peito o impedia de manter a calma. Ele sentia que sua mãe, com sua visão impecável e controladora do mundo, não o compreendia. Ele estava sendo forçado a tomar decisões que não eram suas, a se submeter a um papel que ele não queria desempenhar. Ele não queria mais ser tratado como um objeto, uma ferramenta para manter a família Medici no topo. — Mãe, não é sobre quem pode cuidar das crianças ou quem é mais educada ou bem-apresentada. Eu não vou ser massa de manobra nas mãos de ninguém nunca mais, nem nas suas nem de outra mulher— ele gritou, e a raiva em sua voz era evidente. Ele deu um passo em direção a ela, os olhos brilhando com intensidade. — O fato de ser um Medici roubou o melhor de mim! meu pai, meus irmãos, fui obrigado a seguir os planos da família, os desejos da família, e atender às expectativas de todos. A família me fez casar com alguém que eu não escolhi, que eu não queria, e agora quer me forçar a casar de novo! Eu não quero isso, e se eu digo não, é não! A mãe de Pietro o olhou com uma expressão firme, como sempre, sem vacilar. — As crianças precisam de estabilidade. Você não pode dar isso a elas sozinho. Pietro fechou os olhos por um momento, seu corpo inteiro tremendo de raiva. Ele sentia que estava lutando contra um muro impenetrável. Ele não queria mais ser o herói da família Medici, o pilar que segurava tudo. Ele queria escolher seu próprio destino. Queria ser livre. Não sabia se conseguiria, mas o confronto com sua mãe estava se tornando inevitável. — Pelo menos uma vez na vida faça o seu papel de mulher, de avó, e dê aos seus netos o amor maternal que você nunca me deu! Aliás, onde você estava quando eu crescia? Lembro de você, bêbada demais para lembrar que tinha um filho, ou melhor, três! — ele gritou, com a voz carregada de raiva e dor. A mãe de Pietro ficou pálida, mas não se moveu. Seus olhos, normalmente impassíveis, agora estavam cheios de uma fúria silenciosa. Ela respirou fundo, tentando controlar a tempestade que se formava dentro dela. — Não se atreva a me dizer que eu não fui uma boa mãe — ela disse, a voz cortante como uma lâmina. Pietro a encarou com uma intensidade que quase a fez vacilar. Ele sentiu que estava finalmente no ponto de ruptura, que as palavras eram tudo o que ele tinha para se libertar. — Você pode ter sido uma boa genitora, colocou filhos fortes no mundo, mas agora, mãe? Agora pare de tentar exercer um poder sobre mim que você não tem e resolva essa bagunça. — Pietro fechou os olhos por um momento, tentando controlar sua fúria. Ele não queria mais se prender às expectativas que sua mãe colocava sobre ele. Então, com um movimento brusco, ele gritou: — Mande essas mulheres embora! Antes que eu torça o seu pescoço e mande cada uma delas de volta para suas famílias dentro de um caixão! A mãe de Pietro ficou em silêncio por um longo momento. Seu rosto estava marcado pela frustração e pela raiva contida. Ela sabia que Pietro não estava mais disposto a ceder. Ele não era mais o filho obediente que ela controlava com facilidade. — Você não entende, Pietro. Eu só queria... — disse ela, tentando argumentar, mas a voz tremia de frustração. — Vá fazer o que lhe pedi, mulher! — Pietro gritou, sem dar mais espaço para discussão. Ele sentia que estava perdendo o controle, mas não podia mais ceder. Pietro não estava ouvindo mais nada. Ele estava tão cansado das imposições de sua mãe, da vida que ela sempre planejou para ele, que tirou a pistola das costuras da jaqueta, engatilhou e começou a atirar para o alto. O som dos tiros ecoou pelos corredores, fazendo as mulheres presentes gritarem e correrem para todos os cantos da casa. A agitação foi tão rápida que em minutos, todos estavam fora da casa. Não restou uma só mulher. Pietro riu para si mesmo, um riso vazio, como se algo dentro dele tivesse finalmente sido quebrado. — Você está completamente louco! — a mãe dele disse, ainda atordoada pela cena que acabara de testemunhar. — Mãe, eu ainda te respeito por ter-me dado a vida, mas agora, fora daqui! — Pietro respondeu, a raiva transbordando enquanto ele se afastava, finalmente sentindo que havia recuperado algo de sua liberdade. Dona Elisa Medici ficou em silêncio, os olhos fixos no filho. Ela sabia que aquele confronto não havia terminado, mas naquele momento, ele tinha feito o que queria. Ela saiu da sala, deixando-o sozinho. Pietro, por sua vez, sentiu um alívio momentâneo. Mas sabia que o futuro não seria mais o mesmo.
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