reencontro

1160 Palavras
A saudade de alguém que se foi é sempre presente, não tem como esquecer, mas em um momento guardamos o sentimento da perda apenas para nos, pois a vida segue e temos que seguir com ela. Duas semanas após o ocorrido Edgar voltou ao trabalho, por mais devastado que estivesse, viu que era necessário, a empresa precisava dele, e ele precisava fazer algo por si mesmo, definhar em seu quarto chorando sobre o porta retrato de seu filho não estava o levando a lugar nenhum. — bom dia senhor Edgar, a senhorita Mariah Ferraz está a sua espera para assinar o contrato. — disse sua secretária, aquilo o fez lembrar de seu filho, antes de sair de seu escritório estavam a escolher a modelo da nova campanha da empresa, no caso Mariah, estava continuando exatamente de onde havia parado. — o contrato está pronto? — sim senhor, a senhorita está em seu escritório, já levarei os papéis. — certo. — Edgar foi para seu escritório, lá encontrou Mariah, ela assim que o viu sentiu-se atraída, não era pra menos, Edgar tinha quarenta e dois anos, mas era um homem muito viril, corpo malhado, cabelos escuros e olhos cor de mel quase dourados que brilhavam. — bom dia senhor Edgar. — bom dia, Mariah, não é isso? — sim. A conversa ali foi rápida, logo Mariah assinou o contrato e foi embora, mas como a campanha estava um pouco atrasada, nos dias seguintes ela se fez bem presente na empresa, tiveram sessões fotográficas, testes de figurino, desfiles e com isso acabou gerando uma aproximação entre ela e Edgar, não havia sido tão natural, na verdade, Mariah estava a se esforçar para chamar atenção dele, e em uma pequena comemoração pelo bom andamento da campanha, depois de algumas taças de champanhe acabaram indo pra cama, o que a deu margem para se aproximar ainda mais. Três meses depois Alice havia seguido com sua vida, não dá melhor forma, da forma que conseguiu, por vezes até pensou voltar a casa de Edgar e reclamar o que de direito era do bebê que carregava em sua barriga, mas não quis dar margem para receber mais insultos e acusações, então decidiu que seu bebê era tudo que precisava para ser feliz, mesmo não tendo uma perspectiva de seu futuro, mas seu futuro estava encaminhado pois o destino iria colocar Edgar novamente em sua vida. Era manhã, Edgar saiu de casa cedo, estava de cabeça cheia, lembranças de seu filho, as várias coisas que tinha para resolver no trabalho e Mariah, ela estava sempre perto, a toda hora demonstrava querer algo mais sério com ele, Edgar a julgava uma boa moça, trabalhadora, empenhada, de boa família, mas não era o suficiente, algo faltava, algo que não sabia o que era e que lhe impedia de se envolver seriamente com ela. Em frente a uma pequena lanchonete Edgar estacionou seu carro, não estava afim de um lugar luxuoso, apenas um canto que lhe transmitisse paz, ele entrou no lugar, estava cheio, todos comiam em silêncio, estava no lugar certo para espairecer enquanto tomava um café, ele sentou em uma mesa que ficava bem em frente ao balcão, logo um dos garçons anotou o pedido que não demorou para chegar, mas já no seu primeiro gole de café algo, ou melhor alguém lhe chamou atenção. — Alice. — ele sussurrou em um som inaudível, ela usava um vestido estampado que estava um tanto desbotado, o cabelo um pouco mais longo e desgrenhado, carregava nas costa uma mochila, mas o que mais lhe chamou atenção, foi a barriga, que já era bem notável e redonda e despontava no vestido. Ali sentado ele a assistiu contar algumas moedas, ela perguntou o preço de algumas coisas, mas nada condizia com pouco dinheiro que tinha. — tudo bem, eu volto outra hora. — disse ela um tanto entristecida, o rapaz do balcão tocado com a situação decidiu a ajudar. — não se preocupe moça, me dê o que você tem e o resto eu p**o. — tem certeza? — sim, não pode ficar com fome, está grávida. — ela agradeceu pelo ato do rapaz, em seguida saiu animada levando uma fatia de bolo e um copo de suco, Alice não notou a presença de Edgar ali, mas ele estava cheio de dúvidas e preocupado com a cena que havia acabado de ver, então decidiu averiguar aquilo. — aqui o dinheiro, fique com o troco. — disse ele acenando para um garçom, em seguida saiu rapidamente para não perdê-la de vista, o que não ocorreu, ela estava sentada na calçada da lanchonete comendo sua fatia de bolo, enquanto acariciava levemente sua barriga. — Alice. — ela levantou o olhar e o viu ali parado, tudo que fez foi baixar a cabeça e ignorar a presença dele pensando que aquilo o faria ir embora.— está tudo bem? — sim. — respondeu de forma seca. — tem certeza? — perguntou ele, já que a aparência dela não era das melhores. — sim. — quantos meses está? — não sei ao certo. — até entendo que não queira me dizer, mas daí me dar uma desculpa boba dessas. — Alice levantou da calçada com um pouco de dificuldade, pegou sua mochila e começou a caminhar, mas ele a seguiu e a segurou pelo braço. — Alice, sei que tivemos problemas... — não senhor Edgar, você teve problemas comigo, agora me deixe ir. — desculpe, duvidei que estivesse grávida. — está feliz com a descoberta? Posso ir agora? — Alice, preciso que me diga, tem possibilidade de que esse bebê seja do meu filho? — quase todas. — mas não todas. — não, afinal sabe bem qual era meu trabalho, infelizmente vai seguir com suas duvidas. — disse ela. — não pretendo, Alice se esse bebê carrega mesmo o sangue do meu filho quero conviver com ele. — Alice puxou o braço da mão dele e mais uma vez saiu a caminhar, mas desta vez uma tontura lhe acometeu e por sorte Edgar se aproximou a tempo de segurá-la. — eu estou bem, só me deixe ir. — disse ela já em lágrimas, com o desequilíbrio a mochila que ela carregava caiu, o zíper por azar estragou e revelou o que ali ela levava, um cobertor, um vestido que estava tão desbotado quanto o que estava a usar e uma roupinhas de bebê branca que já estava um pouco manchada pelo m*l cuidado em seu armazenamento. — onde vai com essas coisas? Alice, isso tudo está estranho, me conte o que está acontecendo. — não está acontecendo nada. — ela agachou tentando recolher suas coisas, mas sua velha mochila não estava dando conta de armazenar mais nada. — primeiro estava contando algumas moedas para comprar uma simples fatia de bolo, sua aparência está deplorável e agora isso. — ele disse apontando para a velha mochila. — me conte, não vai sair daqui sem me contar.
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