Coração em QAP

Nem começo, nem fim!

_ Me solta! Tá me machucando!

_ Cala a boca sua p**a! Ele disse dando um tapa no meu rosto!

Eu olhei para ele, os olhos cheios de lágrimas, eu nunca havia apanhado de nenhum homem antes, ele apesar de ser meio autoritário, nunca tinha me agredido e muito menos me xingado daquela forma!

Parei sem reação nenhuma, minha cabeça parecia um turbilhão de sensações, medo, revolta, confusão, dor, e amor, por que eu o amava!

Ele me soltou depois que viu que eu estava passando m*l, se afastou, colocou as mãos na cabeça e gritou:

_ É culpa sua, você me fez agir assim!

Soluçando me arrastei até nosso quarto e deitei na cama abraçando minha barriga que gerava nosso primeiro filho, eu estava grávida de cinco meses e aquela foi a primeira vez das muitas em que ele me bateu!

Ele saiu batendo a porta me deixando sozinha naquela casa que deveria ser meu lar, mas que a partir daquele dia seria meu inferno particular, os soluços não paravam e as lágrimas desciam pelo meu rosto sem descanso, por mais que eu respirasse e tentasse nada adiantava, então pensei no meu filho, e aos poucos recobrei o controle do minha mente!

Recapitulei o que aconteceu e tentei assimilar, o que levou meu marido a ter um ato de violência que para mim naquele dia era extremo.

Nada justificava o que ele fez, eu não tinha culpa de nada eu não fiz nada de errado.

Eu havia saído para fazer o pré natal, quando estava saindo uma mulher me chamou

_ Ei galega!

Eu odiava ser chamada assim, mas olhei para trás e parei para ver se era comigo mesma, ela então se aproximou e perguntou

_ Tu não é a esposa de Ronaldo?

_Sim, sou eu!

Respondi de pronto sem imaginar o que ela queria com aquilo.

_Tu tão bonita com um homem daquele, saia disso, vale a pena não.

Confusa não entendi a razão dela me dizer isso assim de repente, ela se foi me deixando com aquela frase para pensar. Fui para casa e ele estava tomando banho, o celular estava em cima do sofá, eu o peguei apenas por pegar, mas na mesma hora chegou uma mensagem

" Adorei a nossa noite gostoso"

Eu não quis acreditar no que havia visto, segundo ele, teria passado a noite fora trabalhando em um evento, o que pra mim era normal já que ele era dessa área noturna. Acho que nós mulheres viemos com um botão de fábrica que se auto aperta em situações assim e nos faz buscar coisas que não queremos saber.

Abri a caixa de mensagens e lá estavam, muitas outras mensagens com o mesmo contexto, eu estava sendo traída e não era só com uma mulher, tinham pelo menos três ali confirmadas.

Meu mundinho de contos de fada começou a ruir ali, e eu não tive outra reação, não podia ter outra a não ser perguntar pra ele o que significava aquilo, tinha esperança de que fosse coisa da minha coisa, que eu estivesse delirando, talvez um dos amigos dele usasse o número dele pra isso.

Quando Ronaldo me conheceu, eu tinha quatorze anos, não sabia nada da vida, fui embora de casa com ele achando que tudo melhoraria para mim, e por um tempo foi assim, até eu engravidar do nosso primeiro filho, quando ele passou a dar indícios de mudança.

Eu estava com dezesseis anos quando ele me bateu pela primeira vez, grávida de cinco meses simplesmente por que pedi para que ele me explicasse aquelas mensagens .

Quando Ronaldo saiu do banho, esperei ele se enxugar e se vestir, ele me deu um beijo e eu mostrei o celular, vi seu rosto mudar drasticamente, os olhos dele se encheram de irá, mesmo assim não tive medo dele naquela hora, porque na minha cabeça ele jamais me faria m*l.

_ Ronaldo o que é isso? quem são essas meninas ?

_Por que tu tá mexendo no meu celular? quem deixou ?

_Eu ia só tirar de cima do sofá e chegou isso aí eu vi. tá me traindo?

_ Não, você tá é doida! isso aí né nada não .

As lágrima começaram a escorrer pelo meu rosto, eu sabia que ele tava mentido, ele nem sequer me olhava nos olhos.

_ Porque? eu achei que tu me amava.

_ Se eu não amasse tava com tu não menina sai daí.

_ Quem ama não trai !

_ Tô traindo ninguém não, cala a boca.

_ Eu vi aí no teu celular e não foi só uma vez não .

_ Já disse que tá vendo coisa. vai colocar meu almoço .

_ Pede pra ela colocar teu almoço, eu vou embora pra casa da minha mãe !

Essas palavras foram as últimas que eu disse naquele dia, vi ele se aproximar de mim irado, a fúria nítida em cada passo que dava, recuei para trás, mas a parede estava próxima e encostei nela, o gelado da cerâmica me fazendo arrepiar ou talvez tenha sido o medo que senti naquela fração de segundo.

Ele gritava coisas sem sentido que eu nunca tinha ouvido ele dizer, que eu era burra. que era uma menina mimada, uma patricinha, uma cachorra, uma p**a, eu ouvia aquele ataque calada, com os olhos vidrados de terror enquanto ele cuspia aquele monte de palavrões em cima de mim, Então ele segurou meu pescoço e bateu minha cabeça contra a parede

_ Me solta! tá me machucando

_ Cala a boca sua p**a.

E logo depois o barulho agudo do tapa no meu rosto seguido pela dor e por um barulho de piiii sem fim no meu ouvido, o mundo pareceu parar naquele instante, enquanto meu cérebro tentava entender o que se passou.

Ele me traiu mas fui eu que fui castigada, ele me fez achar que a culpa era minha por ser traída e por estar apanhando. Um bloqueio foi criado em mim naquele dia e até hoje eu não entendo o porque não sai correndo de lá quando tive chance, prefiro esperar as outras agressões. deixei ele roubar cada sonho e cada alegria do meu ser.

Esse não é o começo da minha história, é apenas uma parte dela. Tem muito mais a dizer muito mais a expor e muito mais a chocar!

vamos simbora pro começo de tudo.