Dividas

1130 Palavras
Chiara narrando Eu não sei se fiz a coisa certa indo até aquela agência, eu agi por impulso, na força do momento, mas o que eu sei, é que eu preciso salvar a Aurora, ela é a minha única família, não posso deixá-la morrer. O meu telefone começa a tocar, me tirando dos meus pensamentos, eu pego o celular na mão e vejo que é a Giulia, eu atendo a ligação e a voz da minha melhora amiga ecoa nos meus ouvidos. Ligação Onn - Oii, meu amor!! Onde você esta?! - ela fala carinhosa. - Estou chegando em casa. - eu falo procurando as chaves de casa, dentro da minha bolsa. - Ah que bom!! - ela fala e desliga a chamada. Ligação Off Essa minha amiga é maluquinha, não me deixou nem perguntar o que ela queria e desligou na minha cara. Ela é muito doida, mas eu amo ela, a Giulia é a única que me entende e não me julga, pelo contrário, ela sempre está disposta a me ajudar. Eu começo a rir dos meus pensamentos e finalmente acho as minhas chaves, quando ergo a minha cabeça para olhar a minha casa, vejo a maluquinha em pé na frente da porta. - Finalmente!! Eu fui até o hospital e me falaram que você já tinha saído a um tempo, mas eu estou aqui a mais de meia hora e nada de você, onde estava? - ela fala meio histérica e preocupada. - Vamos entrar e eu te conto. - eu falo séria. Ela franze a testa e fica me encarando confusa, eu dou um sorriso amarelo, quase entregando a minha culpa, eu tenho certeza que dessa vez, ela vai querer me matar. Eu acho que qualquer pessoa em sã consciência, me mataria depois do que eu fiz hoje, mas é necessário. Nós entramos na minha casa, ela continua me olhando fixo, nós tiramos os nossos sapatos, colocamos eles na sapateira ao lado da porta e entramos descalço para a sala. A Giulia não tira os olhos de mim, eu estou começando a me sentir constrangida com o seu olhar sobre mim. - Dá para você parar de me olhar assim?! - eu peço e tiro o meu casaco. - Eu quero saber o que você aprontou!! - ela fala séria. Eu olho para ela indignada, fingindo estar chateada, mas, na verdade, eu só estou tentando adiar essa conversa. - Nem adianta fingir o drama, esse olhar entrega tudo. - ela fala autoritária. Eu estreito os meus olhos e agora eu fico indignada de verdade, eu não posso ser tão transparente assim, posso?! Eu faço sinal para ela se sentar no sofá, me sento ao lado dela e começo a contar sobre onde eu fui e o que eu fiz. Ela fica me olhando de boca aberta, com os olhos arregalados e em completo choque. - Você pode falar alguma coisa, por favor?! - eu falo aflita. - Chiara Rosseti!!! Você só pode estar brincando comigo, neh?! Onde esta a câmera?! - ela fala levantando do sofá e procurando a câmera. - Amiga, não tem câmera. Eu preciso de dinheiro, esse é o jeito mais "rápido" de conseguir. - eu falo um pouco cabisbaixa. - Chiara, eu falei que iria te ajudar, por que você foi fazer uma coisa dessa?! - ela fala brava comigo. Essa é a primeira vez que eu vejo a Giulia brava, ela nunca falou assim comigo, mas eu não a julgo, porque eu sei que ela só esta querendo me ajudar. - Amiga, eu não quero me aproveitar de você e da sua boa vontade, eu sei que não é uma coisa de se orgulhar, eu agi por impulso, mas também, agora já está feito. - eu falo dando de ombros. - Você vai ligar para essa mulher e falar que não quer mais nenhuma proposta. - ela fala brava. Eu concordo com a cabeça, para não continuar mais com esse assunto. Eu já tenho as minhas próprias dúvidas sobre esse assunto, mas eu ainda preciso do dinheiro, então eu vou esperar ela me ligar e depois eu decido se continuo com isso ou não. - Você esta com fome? Eu vou preparar uma macarronada para nós. - eu falo mudando de assunto e indo até a cozinha. Eu começo a pegar as coisas para preparar a massa, a Giu vai me ajudando a cortar o tomate e a cebola para fazer o molho. Nós continuamos conversando sobre coisas aleatórias, eu contei como o médico me deu o diagnóstico da Aurora e ela me contou que recebeu uma promoção na empresa que ela trabalha. A Giu trabalha em uma grande empresa de cosméticos, agora ela é a nova gerente de vendas, ela disse que vai tentar me arrumar um emprego la, mas eu já desanimei dessas grandes empresas. Eu já fiz várias entrevistas, mas nenhuma delas quis me contratar, primeiro devido ao meu peso e segundo devido a eu não ter experiencia, nem uma formação. Eu tive que largar a faculdade para poder cuidar da Aurora, os meus pais faleceram em um acidente de carro a cinco anos atrás e nós não temos mais ninguém, então eu parei a minha vida para poder cuidar dela. Eu sempre busquei dar o melhor para a Aurora, mesmo ela não reconhecendo as vezes. Logo que os meus pais morreram nós descobrimos que ela estava com uma irregularidade nos batimentos cardíacos, depois de um tempo fazendo exames, o dinheiro que os nossos pais deixaram para nós, foi acabando e eu tive que arrumar um emprego. Eu consegui uma vaga de garçonete em uma cafeteria aqui perto, eu não ganho muito, mas consegui manter as desespesas de casa até alguns meses atrás. Agora que o problema da Aurora se agravou, ela está passando mais tempo no hospital, os gastos estão maiores e eu estou me afundando em dívidas, já peguei alguns empréstimos no banco e não estou conseguindo pagar. No ultimo empréstimo que eu fiz, dei a nossa casa como garantia e na semana passada chegou uma carta, dizendo que eu tenho um mês para pagar as parcelas, senão eles irão tomar a nossa casa, por isso eu agi no impulso quando o médico me falou sobre a cirurgia da Aurora. Talvez eu consiga um bom dinheiro e além de pagar as despesas médicas da Aurora, eu consiga pagar essas dividas que fiz também e não perco a nossa casa, que é a única coisa que restou dos nossos pais. Eu termino de fazer a macarronada, a Giu já arrumou a mesa para nós comermos, eu sirvo para nós duas e nos começamos a comer. Depois de nos alimentarmos, a Giu quis lavar a louça, depois ela se despediu de mim e foi para a sua casa.
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