Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo

3254 Palavras
As duas famílias começaram a se mover. Vittorio e sua comitiva entraram primeiro, atravessando as grandes portas da catedral e ocupando os bancos do lado esquerdo. Matthew seguiu com seus convidados, incluindo seus sogros, Lilly e James Conway, que carregavam a pequena Margareth nos braços. As duas famílias se posicionaram em lados opostos, como se uma linha invisível os separasse. A tensão no ar era palpável, mas o Arcebispo ignorou, focando-se em sua tarefa. O batizado começou com a entonação de cânticos em latim. O Arcebispo ergueu Margareth, pronunciando as palavras sagradas enquanto a água benta escorria pela testa da criança. Por um breve instante, o clima na catedral parecia mais leve, quase pacífico. Mas os olhares trocados entre Vittorio e Matthew mostravam que a guerra silenciosa continuava. Cada palavra, cada movimento, era cuidadosamente calculado. O murmúrio dos convidados cessou quando o Arcebispo Lorenzo Caracciolo, envolto em suas vestes ornamentadas, ergueu uma mão em sinal de silêncio. Sua voz profunda ecoou pela catedral, atingindo cada canto com clareza. — Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, reunimo-nos hoje aqui, não apenas para selar as almas de nossas crianças, mas para a união de duas famílias em busca de paz — disse ele em italiano, suas palavras carregadas de solenidade. Mia, com Margareth nos braços, sentiu os olhos marejarem. A tensão do momento era avassaladora. Ela lançou um olhar para Matthew, que estava ao seu lado, e ele, percebendo sua inquietação, segurou sua mão com firmeza. O gesto simples, porém poderoso, transmitiu uma promessa silenciosa: "Estou aqui. Nós vamos superar isso juntos." Enquanto o arcebispo falava, Ellis observava a interação entre Matthew e Mia com uma expressão neutra, mas por dentro, sua mente era um turbilhão. Aquele momento de união e santidade, destinado a selar a paz entre as famílias Amorielle e Messina, não apagava as feridas do passado nem diminuía a incerteza sobre o futuro. Ellis respirou fundo, ajustando-se no banco, enquanto seus olhos iam de Marco, em um banco próximo, para Jason, que estava no colo de Alessandro, logo atrás. O silêncio na catedral foi quebrado quando o Arcebispo Caracciolo ergueu uma mão, abençoando a congregação antes de começar o ritual. — Que o Senhor abençoe estas crianças, que elas cresçam sob Sua proteção e que suas vidas sejam um símbolo de esperança e união — disse ele, aproximando-se da pia batismal. O momento chegou. Margareth seria a primeira a ser batizada. Catarina Piromalli, a madrinha escolhida, e Dante Mancuso, o padrinho, se aproximaram do altar carregando a pequena. Margareth estava serena, os olhos curiosos e atentos às luzes que dançavam ao seu redor. Catarina segurou a menina delicadamente, enquanto Dante posicionava a pia batismal. — Margareth Ângela Messina, que o Senhor te abençoe e te guarde, que teu destino seja selado sob a graça divina — disse o arcebispo, derramando a água sagrada sobre a cabeça da menina. Mia, que observava tudo com atenção, não conseguiu conter as lágrimas. A água escorria pelas mechas finas e escuras da criança, enquanto o arcebispo fazia o sinal da cruz sobre sua testa. — Margareth Messina, filha de Deus, abençoada e protegida — declarou ele, erguendo a menina para que toda a congregação pudesse vê-la. O silêncio foi substituído por murmúrios de aprovação e sorrisos contidos. Catarina e Dante retornaram para o banco onde Mia e Matthew estavam. Mia, com a filha nos braços novamente, sussurrou palavras de amor no ouvido da menina, enquanto Matthew apertava o ombro dela em um gesto de apoio. A atenção voltou-se para Marco, que estava no colo de Mirela Cordopatri. Ao se aproximar do altar, Ellis prendeu a respiração. Seu filho, sempre tão expressivo, começou a se mexer, incomodado com o movimento e a tensão do momento. Quando o arcebispo derramou a água sobre sua cabeça, o choro veio forte, ecoando pelas paredes da catedral como um protesto claro. — Está tudo bem, Marco. Mamãe está aqui — disse Ellis, levantando-se rapidamente e indo até o altar. Ela tomou o menino nos braços, embalando-o com firmeza, sua voz baixa e reconfortante. O choro cessou, mas os olhos do pequeno ainda estavam marejados, como se ele compreendesse, de alguma forma, a importância daquele momento. Ellis, com relutância, devolveu Marco para Mirela, mas seu olhar permaneceu fixo nele, como uma mãe leoa pronta para intervir novamente se necessário. O arcebispo, com paciência, repetiu o ritual, derramando a água sagrada sobre a cabeça de Marco. — Marco Rocco Amorielle, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que você seja fortalecido em sua missão — disse ele, fazendo o sinal da cruz sobre a testa do menino. Quando ergueu Marco para apresentá-lo, o bebê voltou a chorar, mas desta vez de maneira mais contida. — Marco Amorielle, filho de Deus, abençoado e protegido — completou o arcebispo, devolvendo-o a Massimo Cordopatri. Massimo desceu os degraus, mas antes que pudesse retornar ao banco, Ellis tomou Marco novamente em seus braços, saindo discretamente da catedral. Lá fora, sob a sombra das grandes portas, ela o embalou até que ele se acalmasse, encostando a cabeça dele em seu peito e cantando uma melodia suave. De volta à catedral, Jason foi o último a ser batizado. Sofia, segurando o menino com mãos cuidadosas, estava ao lado de Alessandro, que observava com uma expressão séria. A água foi derramada sobre a cabeça do pequeno, e por um momento, Jason pareceu fixar o olhar no arcebispo, como se compreendesse o peso do momento. — Jason Preston Amorielle, que você siga o caminho da honra e da justiça — disse o arcebispo, antes de erguer o menino. Houve algo de diferente no olhar de Jason. Enquanto a maioria dos presentes via apenas um bebê, Sofia percebeu uma profundidade incomum nos olhos dele, um vislumbre de um destino que ele ainda não podia compreender. — Jason Amorielle, filho de Deus, abençoado e protegido — declarou o arcebispo, entregando a criança a Alessandro. O silêncio que seguiu foi preenchido por uma sensação de alívio e, ao mesmo tempo, de antecipação. O arcebispo ergueu as mãos em um gesto de bênção final. — O sacramento está completo. Que estas crianças sejam abençoadas e suas vidas sejam um símbolo de união e paz — disse ele, encerrando a cerimônia. A atmosfera dentro da imponente Cattedrale di Sant’Agata mudou drasticamente. A solenidade sagrada do batismo havia terminado, e agora o peso de gerações e legados pairava no ar. O Arcebispo Caracciolo, de postura ereta e olhar grave, se adiantou ao altar mais uma vez. Sua voz ecoou pela nave com uma solenidade que parecia tocar cada pedra da catedral. — Agora, em união com o sagrado, vamos selar o que foi prometido entre as famílias. O casamento arranjado entre Marco Rocco Amorielle e Margareth Ângela Messina não é apenas uma união de duas almas, mas uma aliança que se perpetuará por séculos através da história, da honra, do legado e do dever. Os murmúrios que haviam começado entre os presentes cessaram imediatamente. Mia e Matthew foram os primeiros a se levantar. Matthew segurava a pequena Margareth, agora sonolenta após o batismo. O casal subiu os degraus do altar, com Catarina e Dante — os padrinhos de Margareth — logo atrás. Mia, embora acostumada com os jogos de poder entre famílias, não conseguia esconder completamente o brilho de lágrimas contidas em seus olhos. Matthew, ao contrário, estava com o rosto impassível, sua expressão uma máscara de determinação. Do lado dos Amorielle, Vittorio se levantou sozinho. Ele olhou para o banco vazio ao lado dele, onde Ellis deveria estar, mas não estava. Franziu o cenho, o desconforto evidente. Ellis estava do lado de fora da catedral, no pátio, sob o céu azul pálido da manhã. Marco ainda estava em seus braços, balançando suavemente enquanto ela o embalava contra o peito. Seus olhos estavam fixos em um ponto distante, mas sua mente estava tumultuada. Vittorio a encontrou ali, movendo-se com passos firmes, mas silenciosos. Quando se aproximou, sua voz saiu baixa, mas carregada de urgência. — Ellis, chegou a hora. Ela apertou Marco ainda mais contra o peito, como se o pequeno corpo de seu filho pudesse protegê-la da gravidade do momento. — Por favor, Vittorio... não me peça isso. Não agora. Vittorio parou, encarando-a. Seus olhos, habitualmente duros, estavam suavizados por algo raro: compreensão. — Ellis, eu sei o que isso significa para você. Mas precisamos fazer isso. Por ele. Por nós. Ela o olhou, com lágrimas ameaçando cair. Marco, sentindo a tensão da mãe, soltou um pequeno resmungo. Ellis abaixou os olhos para o rosto inocente do filho e, após alguns segundos de luta interna, assentiu. — Está bem. Com passos hesitantes, mas guiados por uma força invisível, Ellis e Vittorio entraram juntos na catedral. O ambiente estava silencioso, todos os olhares voltados para eles. A presença de Ellis, embora atrasada, trouxe uma carga emocional que ninguém conseguiu ignorar. Ellis se posicionou ao lado de Vittorio no altar, com Massimo e Mirela Cordopatri, padrinhos de Marco, atrás deles. O Arcebispo Caracciolo segurou um grande crucifixo dourado, levantando-o para que todos vissem. — Com a autoridade que me é dada, e em nome da Igreja, eu vos dou a bênção de Deus, para que este compromisso seja de amor e lealdade, não apenas entre vocês dois, mas também entre suas famílias. Que o sangue e a honra sejam preservados. A voz do arcebispo era solene, carregada de uma gravidade que parecia pesar sobre todos os presentes. Ele se voltou para o lado dos Amorielle, onde Vittorio segurava Marco. — Marco Rocco Amorielle, você aceita Margareth Ângela Messina como sua esposa, para unir duas linhagens e selar um pacto eterno? Vittorio, com a voz firme e cheia de autoridade, respondeu em nome de seu filho: — Sim. Um suspiro quase inaudível percorreu os bancos. Todos esperavam esse momento, mas ouvi-lo declarado formalmente parecia tornar tudo mais real. O arcebispo virou-se para o lado dos Messina. — Margareth Ângela Messina, você aceita Marco Rocco Amorielle como seu esposo, para unir os destinos de suas famílias e honrar o pacto? Matthew, segurando Margareth em seus braços, respondeu com a mesma firmeza: — Sim. Os olhos de Mia se fecharam por um breve momento, como se ela estivesse rezando em silêncio. Massimo e Dante se aproximaram com as alianças, carregadas em pequenas almofadas de veludo vermelho. O Arcebispo Caracciolo pegou as joias, segurando-as com reverência antes de erguê-las para o alto. — Estas alianças representam não apenas a união de duas almas, mas também o compromisso inquebrável entre suas famílias. Que elas sejam um lembrete eterno de sua promessa diante de Deus e dos homens. Ele entregou uma das alianças a Ellis e a outra a Mia. O gesto foi simbólico, um lembrete de que essas mulheres, mães de Marco e Margareth, eram as verdadeiras guardiãs daquele pacto. Ellis, com as mãos trêmulas, segurou a pequena aliança dourada destinada a Margareth. Seus olhos se fixaram no objeto, e por um breve momento, ela sentiu o peso de toda a situação. Não era apenas um anel; era o símbolo de um futuro que ela não podia controlar. Mia, por sua vez, pegou a aliança de Marco com um misto de resignação e determinação. Ela sabia que, embora aquele casamento fosse um sacrifício para Margareth, era também uma oportunidade de encerrar um ciclo de rivalidades e trazer paz às famílias. O Arcebispo voltou-se para os presentes e ergueu as mãos em um gesto de bênção final. — Que esta promessa, selada diante de Deus e sob a luz do sagrado, traga união e paz. Que o sangue e a honra prevaleçam sobre o conflito. E que este pacto, feito hoje, perdure por gerações. As palavras foram ditas, e o destino de duas crianças foi selado. Enquanto o arcebispo recuava, o silêncio dominava a catedral, quebrado apenas pelos murmúrios suaves e o som distante dos sinos anunciando o meio-dia. Ellis, ainda segurando Marco, olhou para Vittorio. Ele estendeu a mão, e ela, relutante, entregou o filho a ele. Mia e Matthew, do outro lado, observavam com olhares carregados de emoções conflitantes. Naquele momento, não havia vencedores ou perdedores, apenas famílias tentando sobreviver ao peso de suas escolhas. *** A luz filtrava-se pelas janelas góticas da Cattedrale di Sant’Agata, refletindo nas paredes de mármore e conferindo ao ambiente uma aura solene. Lá fora, o calor do sol siciliano começava a dispersar os convidados após a cerimônia de batismo, mas o silêncio entre as famílias Amorielle e Messina era mais pesado que o ar quente da tarde. Matthew segurava Margareth nos braços, seus olhos fixos em Vittorio, que mantinha Marco junto a si como se segurasse um estandarte de guerra. Por um momento, os dois homens pareciam estátuas vivas, a tensão entre eles inabalável. Finalmente, Matthew quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas afiada. — Isso não termina aqui. Vittorio estreitou os olhos, sua expressão dura como pedra. — Não, não termina. Mas quando os filhos finalmente se casarem, seremos uma única famiglia. Os dois apertaram as mãos, um gesto que simbolizava um acordo frágil e forçado. Ellis, observando de perto, revirou os olhos em frustração, enquanto a filha mais velha, Donna, puxava sua mão. — Mamãe... — murmurou Donna, contorcendo-se desconfortável. Ellis imediatamente inclinou-se para a menina. — O que foi, querida? — perguntou com preocupação. Donna hesitou antes de dizer baixinho: — Eu preciso ir ao banheiro. Suspirando, Ellis segurou a mão da filha. — Tudo bem, vamos lá. Ela guiou Donna de volta à catedral. O frescor do ambiente interno era um alívio para o calor lá fora. Um jovem coroinha aproximou-se, vestindo uma batina preta impecável. — Buongiorno — disse ele, sua voz suave. Ellis, ainda aprendendo italiano, respondeu com esforço. — Buongiorno. Preciso encontrar um... como fala...? um... olha eu preciso de um banheiro para minha filha. O coroinha sorriu educadamente e apontou para a lateral da igreja. — Fica ali atrás. Eu as acompanho. Enquanto seguiam o rapaz, Ellis notou algo no altar. Mia Jones, ajoelhada, acendia duas velas e unia as mãos em oração. A cena despertou a curiosidade de Ellis, mas ela concentrou-se em Donna, resolvendo rapidamente a necessidade da menina no banheiro. Quando terminaram, Ellis acompanhou a filha de volta, mas ao passarem novamente pelo altar, a visão de Mia ainda ajoelhada chamou sua atenção. Ela se inclinou para Donna e sussurrou: — Vá lá fora com seu pai e os outros. Eu já vou. Donna assentiu e saiu correndo. Ellis, agora sozinha, caminhou lentamente até o altar. Mia permaneceu imóvel, mas sua postura rígida indicava que ela estava ciente da aproximação. Sem se virar, Mia falou com uma voz firme: — O que você quer? Ellis parou atrás de Mia, observando a mulher que agora fazia parte de sua vida de uma maneira que ela jamais imaginou. Ela olhou para o altar e, de repente, sentiu uma curiosidade tomar conta de si. — Não sabia que você era tão devota da santa aqui — disse Ellis, sua voz leve, mas com um toque de ironia. Mia, ainda ajoelhada, virou a cabeça lentamente, seus olhos desafiadores. — A santa se chama Santa Ágata — respondeu Mia, com um tom seco, como se estivesse explicando algo óbvio. — Protetora dos s***s. Ellis ficou sem palavras, o choque claro em seu rosto. — Protetora do quê? — ela perguntou, incrédula. Mia respirou fundo, impaciente, e, ainda com as mãos entrelaçadas, encarou Ellis com um olhar fulminante. — Protetora dos s***s. E você, pelo visto, não fez nenhuma pesquisa sobre o lugar onde os seus filhos seriam batizados. Não se interessou em saber o que simboliza a santa que deu bênção a seu filho para se casar com a minha? — Mia perguntou, irritada com a falta de atenção de Ellis. Ellis sentiu o peso da pergunta, mas respondeu, com um tom mais calmo. — Não, não pesquisei. Vittorio falou que a escolha foi estratégica, para garantir que a catedral fosse um local neutro para as duas famílias. Nunca pensei que significasse mais do que isso — disse Ellis, os olhos se estreitando. Mia fez o sinal da cruz, como se aquilo fosse algum tipo de proteção divina. — Isso Matthew me disse também. Mas, ainda assim, achei prudente pesquisar o lugar onde entregaria a alma da minha filha aos inimigos. Ellis bufou, cruzando os braços. — Vejo que você está tão empolgada com essa situação quanto eu. Mia estreitou os olhos. — Você também não queria isso? Ellis inclinou-se, a voz carregada de frustração. — Claro que não. Por mim, meu filho se casaria por amor, não por causa de uma tradição absurda. Mia suspirou, sua expressão suavizando levemente. — Eu também sonhei com algo diferente para Margareth. Mas quando você se casa com o chefe de uma família como a Messina, não tem muitas escolhas. Ellis sorriu amargamente. — Esposa do capo di tutti capi. Mia balançou a cabeça, pensativa. — Como foi que nos metemos nisso? Ellis riu sem humor. — Nos apaixonando por homens perigosos que colocaram nossas vidas em risco. E mesmo assim, aqui estamos nós, vivendo nosso “Felizes para Sempre”. — Pois é... — respondeu Mia com um suspiro resignado. Por um momento, o silêncio pairou entre as duas. Ellis olhou para o altar, a curiosidade novamente se acendendo. — Então, o que você está fazendo aqui, já que não é devota da santa dos s***s? Mia, com os olhos fixos em Ellis, respondeu, sem hesitar. — Li que para pedir ajuda a Santa Ágata, deve-se fazer uma novena. Começa-se numa sexta-feira de Lua Crescente, sempre no mesmo horário, acendendo duas velas em um pires branco. Se interromper, tem que começar de novo. Ellis, erguendo uma sobrancelha, olhou para Mia, surpresa. — E você fez isso? — perguntou, incrédula. Mia olhou para Ellis e respondeu com uma pergunta desafiadora: — O que você acha? Ellis suspirou, cansada da situação. — O desespero leva as pessoas a fazerem coisas desesperadas. Não posso julgá-la por isso — disse ela, sua voz agora mais suave, mas ainda cheia de um peso que só o tempo poderia carregar. Mia, então, se virou para Ellis, com um olhar penetrante. — E você, Ellis? O que fez? Ellis hesitou antes de responder. — Ainda nada... Mas pensei em tentar algo igualmente louco. Mandar minha filha para fora mesmo que lá esteja um calor siciliano enquanto eu vinha falar com a mãe da garota que meu filho terá que se casar aos dezoito anos. Mia cruzou os braços, desconfiada. — E o que você quer exatamente? Ellis deu de ombros. — Achei que poderíamos unir forças. Fazer o melhor para as crianças, tornar isso menos traumático. Mia observou-a por um longo momento antes de responder. — O que você tem em mente? Ellis sorriu, seu olhar determinado. — Um plano. Se fizermos isso direito, Margareth e Marco podem ter algo que nós nunca tivemos: a escolha de amar. Mia a encarou com ceticismo. — E qual é o seu plano? Ellis a olhou de volta, um brilho de determinação nos olhos. — Fazer com que eles se apaixonem de verdade. O silêncio entre as duas foi pesado, até que Mia respirou fundo, se levantou, e finalmente disse: — Estou ouvindo. Mia passou a prestar atenção as palavras que saíam dos lábios de Ellis, e naquele instante, as duas mães se tornaram menos inimigas e mais aliadas em uma causa comum: proteger seus filhos do destino c***l que lhes foi imposto.
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