CAPÍTULO 2

1277 Palavras
MARINA GONÇALVES A minha vida deu uma reviravolta inacreditável. Eu, uma menina órfã, que nasceu numa favela, de repente, passa a morar no Leblon e, no condomínio com o metro quadrado mais caro do país, eu realmente tirei a sorte grande, porque a Rose e o Natan, são pais incríveis, me receberam super bem e me dão de tudo, eu tenho uma vida de princesa. Seria tudo perfeito se não fosse o Leonardo Santorini, o meu agora, irmão. Eu juro que tentei esquecer o desejo que tive por ele desde a primeira vez que o vi, eu tentei não sentir o que eu sinto, mas não consegui controlar o meu coração. Eu o amo, mas não como irmão, eu o amo como homem. Sou louca por ele. Hoje, com meus vinte e quatro anos de idade, eu nem disfarço mais o que eu sinto, não porque eu não tento, mas porque não consigo, é mais forte do que eu. É uma pena que, para o Léo, que neste momento está virando mais um copo de uísque na boca, não seja igual. E tudo ficou pior depois da festa de inauguração da nova loja de vinhos. Como eu disse antes, os Santorini são muito ricos e, no ramo de negócios deles, que é a alimentação, a tendência é só crescer mais, e é exatamente isso que está acontecendo hoje, eles estão inaugurando mais uma loja de vinhos, que é um grande sucesso do Grupo Santorini. Para comemorar esse momento, eu escolhi um vestido vermelho longo, com as costas nuas e uma a******a que vem até acima da coxa, é chique e sexy do jeito que eu gosto. Assim que me vê, ele pede ao barman outra dose. — Olha só, parece que o Léo já te viu — A Jules, que é minha melhor amiga, diz cutucando minhas costas. Eu conheci a Jules quando tinha quatorze anos, eu tinha acabado de ser adotada e estava tentando me encaixar nesse mundo e ela tinha acabado de chegar aqui no Rio, precisava de um ombro amigo para se apoiar, foi uma amizade linda que somou só coisas boas para os dois lados. — É, ele viu e aparentemente não gostou muito — respondi, olhando tristemente a cara de desgosto dele. — Ah, Marina, o Léo tem aquela cara azeda para absolutamente tudo, tenho certeza que não é só para você. — Ela responde tentando me animar. — Marina, que bom que você chegou, tem muita gente aqui procurando por você — minha mãe se aproxima com um sorriso de orelha a orelha. — Você não vai se importar se eu roubá-la por um tempo, né, Jules. — Claro que não, tia Rose, pode levá-la, mas devolva depois. Nós saímos cumprimentando vários convidados, alguns mais animados me agarram em um abraço ao invés de dar apenas um aperto de mão, eu não gosto mas sorrio para não constranger minha mãe. Olho na direção do bar e o Léo agora conversa com um grupo de amigos, mas ainda o pego olhando em nossa direção, sua cara continua a mesma: puro desgosto. — Isso aqui está incrível, Natan Santorini — uma voz masculina grave, falou aproximando-se de nós. — Parabenize o Leonardo, agora é ele que está à frente dos negócios — meu pai respondeu todo orgulhoso. Ele tem mesmo que ficar, pois o Léo está trabalhando muito bem. — Parabéns por ser um excelente espelho para ele — o homem diz, se colocando no meu campo de visão. — Rose, que prazer revê-la, e essa quem é? — questiona olhando para mim. — Essa é a Marina, nossa filha — minha mãe responde e o homem franze a testa em confusão. — Sou adotada — respondi fazendo-o rir. — Desculpe, eu não quis… — Tudo bem, eu não tenho problema nenhum com isso. Prazer em conhecê-lo, senhor? — Luís Gustavo Fontaine, o prazer é todo meu. Você é muito detalhista, senhorita, Marina. — Nem tanto. — Respondi, puxando a mão que ele apertou forte demais. — Então, você está de volta ao Brasil de vez ou veio só a passeio, Gustavo? — meu pai perguntou, chamando a atenção do homem, que está me olhando demais. — Inicialmente eu vim a passeio, mas já estou pensando em ficar de vez. Os ares por aqui estão melhorando bastante — sorri descaradamente, ainda de olho em mim. — Gustavo, quanto tempo — o Léo chega chamando sua atenção. — Leonardo Santorini, vejo que você está se saindo um ótimo CEO, sério e comportado, nem de longe lembra o adolescente de antes — senti uma certa provocação. — As pessoas amadurecem. Nós saímos e os dois ficam lá conversando sobre o passado. Esse Luís Gustavo é um dos amigos de adolescência do Léo, era o mais velho da turma, pois já tem seus trinta e dois anos, enquanto o Léo é os outros tem na faixa de vinte e cinco. Eu não o conheci antes porque ele foi embora do Brasil logo depois do acidente que aconteceu com o amigo deles. A minha noite estava até legal, a inauguração está sendo um verdadeiro sucesso e já está movimentando as redes sociais, até repórter da tv Globo tem ali na porta, eu estava curtindo bem, mesmo com a cara azeda do Léo, mas aí chegou aquela insuportável, a Lucy Veiga, a amiguinha que vive se oferecendo para ele, e o pior é que eu acho que ele gosta. Olho para o bar e lá estão eles, os dois conversam, riem e quem olha de longe até pensa que eles são um casal. Um garçom passa com uma bandeja do meu lado e eu pego uma taça, viro todo o champanhe em gole só. — Vejo que está com um pouco de sede, senhorita, Marina — o homem que conheci a pouco e não gostei nada, chega atrás de mim. — Nem tanto assim. E pode me chamar só de Marina, por favor, esse senhorita é meio esquisito. — Tudo bem, Marina — responde rindo. Outro garçom passa e eu pego mais uma taça. — Vejo que, aparentemente, algo lhe incomoda — ele fala, olhando para a mesma direção que eu. — É impressão sua. Bom, eu vou procurar minha amiga, com licença. Saí de perto sem nem dar tempo dele responder. Como a Jules estava conversando tão empolgada com um gostoso lá no bar, eu decidi não atrapalhar, então fui conversar com outros amigos e continuei bebendo. Quando falarem que o álcool é um péssimo conselheiro, acredite, ele realmente é. Depois de beber minha terceira taça de champanhe e provar os vinhos da degustação, eu decidi lutar pelo meu amor, e como? Me declarando. Enquanto o coquetel não termina, eu bebi mais algumas doses para criar coragem, e eu criei. Assim que o motorista passou pelo portão, eu vi o Léo lá na varanda, olhando para o jardim, ele ama aquele lugar, é o favorito dele aqui na casa, subi as escadas quase correndo. — Léo, que bom te encontrar aqui — digo ao chegar à varanda, minha voz sai arrastada por causa do excesso de bebida. — O que você está querendo aqui? — Respondeu ríspido como sempre. — Eu preciso falar com você. — Você está bêbada, Marina, vai dormir! — ordena, sem nem olhar direito para mim. — Eu não estou não, só bebi um pouquinho — rio, fazendo o gesto com os dedos. — Não me interessa, vai dormir! — manda novamente, agora virando-se para me olhar. — Eu não vou dormir! Eu preciso falar com você, é muito sério — falo, aproximando-me dele. — Vai dormir, Marina! — Estreita os olhos perigosamente.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR