• Neguinho •
Peguei o William no colo ao sair da casa da tia, e já fui colocando ele na cadeirinha no banco de trás do carro.
Moleque enchia a boca de bolacha, e já percebi que com isso não iria nem almoçar direito, e já imaginava que Naysa iria vir lotar minha cabeça com isso.
Na moral, ela é chata, mas as vezes supera, pô. Fica insuportável mesmo!
Dá não.
William: Quelo casar com a dinda Rafa...- falou bem baixinho, e eu olhei pra ele na hora, dando risada. - Ela me dá bolacha...
Neguinho: Ala moleque, te liga parceiro. - dei um tapinha na testa dele, que me olhou de cara fechadona.
Ala.
Mas aí, esse menor era minha cara mesmo, dava nem pra duvidar que era minha cria. Mas como eu não sou bobo, nem nada, fiz o teste de DNA em uma clínica de confiança aí, e deu que o moleque era meu filho mesmo.
Se não fosse, ia logo meter do louco pra cima da Naysa, pô. Euem.
Assim que parei o carro na frente da casa dela, a maluca já saiu de casa gritando pelo William, mas quando viu que ele estava com a boca entupida de bolacha, ela ficou quieta, me olhando com a pior cara do mundo.
Neguinho: Aí parceira, nem vem em. Vou ficar falando pra minha tia negar comida pro menor não, ala.
Naysa: c*****o Neguinho, tu sabe que quando ele come essas porcarias, não quer saber de almoçar, nem nada. - bufou, pegando o William no colo.
Neguinho: Vou deixar a cria na vontade não, Naysa. Se liga, pô.
William: Vai entrar papai? - perguntou quase em um sussurro, e eu me aproximei mais dele, que mexia as mãos, me olhando com um sorriso todo banguela.
Eu não me aguento com esse moleque, na moral mesmo.
Neguinho: Aí garotão, papai vai ter que ir resolver umas paradas por aí, mas ó, mais tarde eu passo aqui pra te pegar pra nós levar a dinda no curso dela, pô. - beijei a bochecha dele, e já vi a Naysa fechar a cara de vez.
Por mais que ela tenha se tornado colega da Rafaelly, essa mulher fica na maior nóia de ciúmes com a Rafa perto de mim.
E eu nem entendia essa parada mesmo, pô. Não tinha, e nunca tive maldade com a Rafaelly, só tenho consideração já que vi aquela criança nascer.
Mas Naysa mete mó neurose nessa parada nada haver, véi. Fico logo puto mesmo. Ala, da não!
Neguinho: Nem começa, pô, serin. Tô afim de ouvir teus surtos por um bagulho s*******o que tu criou na tua mente não, pô. Menos!
Ela foi abrir a boca, mas eu nem dei idéia, entrei no meu carro e sai dali buzinando pro Will.
Única coisa que me prendia a ela mesmo, era o William. Porque se não fosse por ela, nem na cara da maluca eu olhava.
Tenho maior consideração com as minas daqui da quebrada que eu já fiquei, troco ideia com a maioria, papo de amizade mesmo, mas com a Naysa é impossível conviver.
Aquela louca é insuportável! Sem caô nenhum, pô.
Mas uma parada que eu não posso negar, é que ela é uma ótima mãe pro meu filho. Trata o moleque no maior amor, sei que ela não faz mais que sua obrigação como mãe, mas é que é bom ver que o William é feliz ali com ela.
Ele vivendo comigo, não daria não. Uma que nem paro em casa, toda hora tendo que fazer missão, e pá. E outra que não quero ele tendo contato com arma, d***a e essas paradas que ficam me rondando não.
Quero ele longe desse mundo do crime que eu vivo. Sai fora, pô.
Só imagino um futuro fodão pra esse moleque, na moral mesmo. Só progresso na vida da minha cria, e se for preciso, faço o que for pra ele ter uma vida honesta, longe dessa criminalidade toda.