Capítulo 6

670 Palavras
AMÉLIA                            — Filha, você precisa comer alguma coisa. Desde cedo que está sem comer nada. — Meu avô diz visivelmente preocupado. — Estou bem, vô. Não se preocupe. Quando a fome bater, eu faço um lanche. Fica tranquilo. — Murmuro tentando tranquilizar meu avô. — Oi? Ouvi alguém dizer que está com fome? — Catarina questiona adentrando a loja. Ela e meu avô não desgrudam, sempre me mimando e protegendo. Às vezes exageram, me fazendo comer mesmo sem querer. — Não. Ouviu errado. — Brinco. — Larga esses papéis agora, garota! Vamos para a lanchonete da esquina alimentar minha afilhada. — Cat sai me empurrando porta afora. Catarina cismou que é uma menina, e quem sou eu para discordar, não é? Assisto ela soltar um sorriso vitorioso. — Pede o que você quiser mamãe. Agora come por dois, ou melhor, duas! — Cat diz e minha boca saliva por uma porção de empadas com bastante ketchup. Sei que tenho que comer coisas saudáveis para meu bebê, mas o que posso fazer? se minha boca se enche d'água só de imaginar a empada se dissolvendo em minha boca. Quando estou quase na metade vejo um par de olhos castanhos me observando de longe. Olhos esses, que não pensei que veria por tão cedo. Passaram-se duas semanas desde o dia em que contei que esperava um filho seu. O mesmo dia em que ele saiu sem dizer uma palavra sequer. — Posso falar com você?— Pergunta com uma expressão séria. — Amy, eu vou deixar vocês dois conversarem, qualquer coisa me liga. — Cat acena para Ethan e em seguida se despede com um beijo bochecha e vai embora. — Você não devia comer essas coisas. Murmura, puxando uma cadeira. Sabe que isso faz m*l para o bebê, certo? — Questiona como se fosse óbvio. Bufo e arqueio as sobrancelhas. — Não se preocupe, Ethan. Eu sei muito bem como cuidar do meu filho. — Disparo ríspida. Só o que me faltava, depois de sumir sem ao menos falar alguma palavra, retorna querendo decidir o que eu posso ou não. — Nosso! — Rebate. — E isso significa... — Indago confusa. — Significa que fui um babaca por sair daquela maneira e eu sinto muito por isso. Eu fui um inconsequente, Amy. Um irresponsável— Escuto em silêncio o que ele tem para dizer— Olha, o que fizemos naquela noite foi um tremendo erro, e eu quero que saiba que lidarei com todas as consequências. Não quero me eximir da culpa, fui eu o grande errado disso tudo. Vou assumir o bebê. É o mínimo que eu posso fazer diante das circunstâncias. Eu errei e vou assumir o meu erro. Doeu ouvir ele falar assim. Mas o que eu esperava? Que ele iria largar a outra para ficar comigo e nosso filho? Percebendo o meu silêncio. — Olha, eu só peço paciência, eu não vou sumir e virar as costas para vocês. Não estou em um bom momento da minha vida, então não fique chateada se não der a devida atenção a vocês.  Ethan me avalia alguns minutos e só balanço a cabeça assentindo. — Você já foi ao médico? Começou o acompanhamento, certinho? — Questiona sério. — Não se preocupe, Já disse que está tudo certo com o nosso filho— Resmungo— Ficar perto dele me faz m*l, sei que só está aqui comigo cumprindo seu papel de pai do filho por obrigação, e não porque quer. Lógico, nesse momento sou uma ameaça a sua vida perfeita com sua querida noiva. — Tudo bem. Se precisar de alguma coisa, é só ligar— diz com um olhar firme, deslizando um cartão com seu telefone em cima da mesa e em seguida vai embora. Observo Ethan sair da lanchonete e ficar cada vez mais distante.  Suspiro frustrada. Preciso me manter longe. Acaricio minha barriga de quase três meses, já está tomando forma. — Não se preocupe, meu grãozinho, irei te amar para sempre. — Sussurro entre um sorriso complacente.
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