Regras? Que Regras?

2399 Palavras
Sebastian Eu só consegui ficar parado observando o táxi amarelo partir em direção à escuridão. -Brou.. - Steve estala os dedos na minha frente. - Pegou ? - Hum..suh…- sacudo meus punhos no ar. - Eliza Aurora Rodríguez! Eliza Aurora Rodríguez! - O que a minha contadora tem a ver com isso, Sebastian? - ele segura meus ombros e balança de leve. - Eu quero saber se você pelo menos tascou um beijo na trollzinha. - Por acaso você, nesses 2 anos em que contrata os serviços da doutora Eliza Aurora Rodríguez, já esteve com ela pessoalmente? - Não. O Soares me indicou os serviços dela depois que eu tive aquele problema com a herança do meu pai. Mas, de novo, o que isso tem a ver com a Trollzinha? - Ah.. - afino o mais que posso minha voz. - "Boa noite. Meu nome é Eliza Aurora Rodríguez..Meus amigos me chamam de Liz! " - Tá de brincadeira.. - ele põem as mãos na cabeça e encara a rua escura por onde o carro já nem podia ser visto. - Não! - aos pouco ele foi abaixando até que acabasse sentado na sarjeta. - Coitada! Por isso ela sempre dizia que preferia lidar com assuntos de forma remota. O tempo todo insistindo que não misturava trabalho com o a vida pessoal. - ele fica pensativo. - Ela nunca aceitou os meus convites para jantar.. Coitadinha, é tão f**a. - agora ele estava contemplativo.- Ela tem uma voz doce. - Eu estou pouco me lixando para sua paixonite platônica, Steve . - sento ao lado dele. - Aquela mulher nem sequer me viu ..- pego uma pedrinha e arremesso no meio da rua. - Ela começou a falar de imposto de renda e eu fiquei parado feito um tapado. - enfio as mãos entre os cabelos e puxo. - O Victor me desafiou. A conta da Gucci está em jogo. Eu não quero saber se a voz dela é doce ou se o sorriso dela é sincero. - sacudo a cabeça me lembrando da forma como seus lábios ficaram quando ela falou das aquarelas. - Eu não ligo pra nada disso. Estou falando de um encontro e uma noite de s**o. Ela vai se perder completamente em mim. - Sei.. Então porque você está aqui e ela foi de táxi? - Porque eu não soube o que fazer com tanta informação.- dou de ombros. - Mas, agora, eu sei perfeitamente bem quem é a presa. - levanto do paralelepípedo. - Tenho a desculpa perfeita para falar com ela. Só preciso dar o bote de uma forma que ela não consiga se esquivar. Amanhã… Amanhã aquela santa vai começar a ser corrompida. - Que? - Santa.. A santa Liz. - sorrio. - Não reparou no jeitinho das roupas dela? Quem usa vestido jeans até o meio das panturrilhas e ainda se cobre com um cardigan no meio do verão? Acho que só conseguia ver do pescoço pra cima.. uhm..A pele da mão dela é suave e morna. - Que? - Que o quê? - O que você disse da pele da mão dela? - Não disse nada. - dou as costa pra ele. - O álcool está te afetando. - Eu nem bebi. - Então é a falta dele. - sigo na direção do estacionamento. - Até amanhã. Eu tinha um plano e ele seria executado. >>>> -Bom dia, Sebastian. - Érica está com seu sorriso típico na face. Um belo vestido verde água contornava suas curvas. Era uma bela mulher, isso não poderia ser negado. - Eu não te p**o pra sorrir, p**o? - apoio o corpo na mesa dela. - Como? - ela cai sentada em sua cadeira. - Minha contadora entrou em contato solicitando uma documentação de extrema urgência e você fez o quê, hum? Sorriu pra mim durante o dia inteiro.- bato a mão na mesa. - Mas.. - um brinquinho birrento se forma em sua boca. - Calada. - a minha cabeça começa a latejar de raiva. - Você vai fazer o que quando eu for preso por sonegação fiscal? Vai me visitar na cadeia? Vai vender esse seu corpinho para bancar um bom advogado pra mim? - Sebastian?! - ela grita feito um cabrito. - Demitida. - Você não pode. - De - Mi - Ti - Da! - sorrio. - Tenha um bom dia. - sigo para o meu escritório. Suspiro ao entrar na sala. Deixo minha pasta sobre a mesa e sigo até o espelho apoiado da parede próxima a janela. Acerto a gravata azul celeste e o cabelo antes de seguir para a minha prioridade do dia. - Agora a santinha.- sorrio. Passo pelo salão principal e vou até as secretarias. - Bom dia, senhoras.- sorrio para todas. - Senhor, Sebastian. - Andrea se aproxima. - O senhor precisa de alguma coisa? - Uma nova secretaria.. - todas arregalam os olhos. - Avise ao Smith que o critério é : mais inteligente do que gostosa. "OH" -Se ele aparecer com outra modelo sem cérebro, eu vou pessoalmente chutar ele pra fora da Lombardi Concept. - Sim, senhor. - ela sai em disparada pelo corredor. - Alice. - Sim, senhor Sebastian. - a voz vacilante acentua ainda mais o tremor que acompanhava o resto do corpo. - Onde fica a sala da doutora Eliza Aurora Rodríguez. - Da Liz? - Você conhece outra doutora Eliza Aurora Rodríguez que trabalhe aqui? - estendo os braços apontando para os lados. - Não, senhor. - Então? - Ah.. Sim. Eu vou levar o senhor. - ela se levanta. - Não lembro de ter pedido companhia. Pedi para me dizer onde é. - cruzo os braços na frente do peito. - Ah.. É claro. - ela volta a sentar. - É.. Bem, a sala dela fica no último andar, do lado esquerdo. O senhor chega no departamento de finanças e tem uma escada que dá em um.. - Depósito? - sigo para o elevador. Era exatamente isso: um depósito. Eu tinha a vaga lembrança de um armário de limpeza que ficava na última porta do último corredor do andar de finanças. Alguns funcionários costumavam usar o lugar para seus encontros secretos, bem, isso até o próprio Victor Lombardi declarar que o local estava sob acesso proibido, ele assegurou que demitiria qualquer um que se aventurasse por aquelas bandas. -Como alguém pode trabalhar em um armário ? - bato na porta. - Nem uma secretária?- observo o longo corredor atrás de mim. - Pode entrar.- a doce voz anuncia. - Com licença. - sorrio. - Oh.. - era um espaço claustrofóbico e estranhamente confortável. As paredes estavam cobertas por tijolinhos brancos, uma janela - que me lembrava casa de bonecas - trazia a luz natural para o micro-ambiente. Também havia uma orquídea florida em tons de rosa e uma mesa branca simples com um punhado de bonecos de gatos. Aqueles bonecos me fizeram questionar as credenciais da mulher sorridente à minha frente. - Bom dia, senhor Sebastian. - ainda sentada, ela estende a mão para apertar a minha. - Ah.. Bom dia.- seguro a dela. - Trouxe os documentos?- ela solta minha mão. Eliza vestia uma camisa com estampa amarela e azul, uma espécie de jardineira em um tom avermelhado de marrom que cobria até o meio das coxas, meia-calça escura e , eu pude ver, as mesmas botinhas pretas da noite anterior. - Então. Não. Eu não faço ideia do que seriam esses comprovantes e a única certidão que eu tenho em casa é de nascimento. Na verdade eu sabia exatamente a quais comprovantes e certidões ela se referia. Se tratava do documento de compra de uma mansão nos Hamptons e a aquisição de algumas obras de arte. Os documentos estavam no meu apartamento e foram deixados de fora da declaração pela minha antiga contadora, que, por um ato de vingança, resolveu que me jogar na cadeia seria um bom castigo. Um conselho que eu daria para qualquer homem? Nunca durma com a sua contadora. Infelizmente, por motivos de força maior, eu não poderia seguir o meu próprio conselho. - Senhor, Sebastian. - ela sorri. - Eu sei.. - chego até o lado dela na mesa. - Eu cheguei a conclusão de que certamente serei o seu pior cliente. Eu sou uma negação em administração de bens. - me agacho ao lado dela. - Podemos fazer um acordo. - volto a segurar a mão dela. - Vou te dar carta branca para revirar minha vida financeira e , em troca, posso te ensinar aquarela. - ela começa a piscar. - O senhor já me contratou pra isso? - ela se aproxima e fala como se me contasse um segredo. - Não precisa de suborno..Aah. - uma risada engraçada soa pelos lábios dela. - Ah.. Isso não é suborno. - sorrio. - É apenas um bônus. Ou a senhorita estava mentindo quando disse que adorou os meus desenhos? - toco o queixo dela com a ponta dos dedos. Ali, a pele era tão macia quanto nas mãos. - Ah.. Não.. Eu..É.. -ela se levanta em um rompante e acerta o topo da cabeça no meu queixo. - Aí.. -Aí.. - levo a mão ao queixo. - Tudo bem. - Desculpa. - ela cobre o rosto com as mãos. - Desculpa, senhor Sebastian. - Não foi nada. Está tudo bem. - na verdade, foi mais o susto do que a dor. - É sério.. Eu sinto muito.. - ela começa a mexer as mãos de um jeito agoniado. - Tudo bem. - cubro as mãos dela com a minha. - Vai se machucar se continuar fazendo isso. - Ah.. - A sua pele é muito delicada. - envolvo os dedos trêmulos entre as minhas mãos. - Ah.. - ela se afasta. - Eu …- seus passos vacilam um pouco, mas ela chega até janela. - A Lurdes faz uma infusão muito eficiente com óleo de semente de uvas. Hum.. - ela se vira para um aparador ao lado da janela. - Um pouco de leite de amêndoas, cera e mel de abelha. - um vidrinho pequeno com uma solução cremosa estava em suas mãos quando ela se volta pra mim. - Também tem um cheiro muito bom. - ela sorri. - Aqui.. - ela segura minha mão. Com cuidado ela pega uma pequena quantidade da infusão e espalha sobre a palma da minha mão. - Ah.. - uma sensação muito estranha começou a tremer no meu ventre. - Viu.. - ela leva nossas mãos próximo ao meu rosto para que eu sinta o aroma de amêndoas. - Sim.. - sinto o perfume cálido das mãos macias. - Tem olhos muito bonitos, senhor Sebastian. - ela sorri. Os olhos dela estavam nos meus, mas não era do jeito que eu costumava ver em todas as demais mulheres. Era um olhar sincero, inocente. - Ah.. - minha garganta ficou seca e não era como se eu conseguisse falar algo decente ou indecente. - Liz. - batidas na porta fazem com que ela simplesmente se afaste de mim. - Pode entrar. - ela deixa o pequeno vidro sobre a mesa, toma um pequeno borrifador branco nas mãos e começa molhar a orquídea que estava no apoio da janela. - Preciso da prévia do orçamento da campanha para NBA. - Soares entra na salinha sem olhar pra mim. - Já enviei para o seu tablet e deixei uma cópia impressa na sua mesa, senhor. - Oh..- ele a encara e depois a mim.- Algum problema, Sebastian. - Não. - por nenhuma razão específica, pego o vidrinho e guardo no bolso do paletó. - O senhor Sebastiané um cliente da AR. - fala enquanto toma seu lugar à mesa. - Sim. Steve fez a indicação. - estendo a mão para cumprimentar Soares. - Bom dia. - Hum.. - ele aceita o cumprimento. - Bom dia. Sim. - ele ri. - Acredita que seu amigo não sabia que a Liz e a Eliza são a mesma pessoa? - ele volta a gargalhar. - Acredito. Se eu quiser esconder algo dele, farei no andar de vocês. - Não sejam cruéis. - Eliza cobre o rosto em uma falha tentativa de esconder a risada. - Senhor Sebastian, espero que possa me enviar os documentos com brevidade. Temos um prazo apertado para resolver as exigências. - Claro. Eu só preciso de alguma ajuda com isso. Estou sem secretária. - Oh.. Demitiu aquela beldade? - Soares fala com pesar. De canto de olho posso ver o desconforto da Eliza com as suas falas. -Meu dia será uma bagunça. - ignoro o comentário sobre a beleza de Érica, até porque, o belo corpo dela não me ajudava no mínimo exigido para o trabalho na empresa. - Entendo.. Porém, é muito importante que eu tenha esses documentos o quanto antes.- ela morde o lábio inferior encarando o teto. - Talvez.. - O quê? - chego mais perto. - Meu trabalho está adiantado..- ela se vira para Soares. - O senhor tem alguma urgência para mim? - Bom. Eu queria o orçamento, mas ele já está pronto. - ele coça o rosto. - Se quiser, eu posso ajudar a localizar os comprovantes. - Vai me ajudar a procurar? - cruzo os braços. - Sim. Posso ajudar com alguma outra pendência que o senhor tenha. Eu estou livre..aah. - Como minha secretária?- sorrio com a ideia. Ela estava facilitando as coisas pra mim. - Oh.. Não pense duas vezes, Sebastian. A Liz é a funcionária mais eficiente que eu já conheci. - ele sorri. - O difícil vai ser você se adaptar a qualquer outra depois de um dia com ela. - Soares começa a sair da sala O difícil vai ser ela terminar o dia em algum lugar que não seja a minha cama. E isso é uma certeza. -O que me diz? - ela me olha. - Eu posso ser um pouco rude como chefe.. - chego mais perto. - Pior do que o senhor Lombardi? - ela ri. - Não tanto. - estendo a mão para que ela pegue. - Temos muito o que fazer hoje, senhorita Rodríguez. - Pode me chamar de Liz, meus amigos me chamam assim. - ela segura meus dedos. - Pode me chamar de Sebastian. - Ah.. - ela aperta de leve a minha mão. - É bom fazer um novo amigo. - Claro..
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