Chapter VII

1533 Palavras
Episode: Hades & Zeus A primeira semana se passara em um piscar de olhos. A pior parte, por senso comum, eram as aulas teóricas em que seus traseiros se amorteciam após horas em contato com a madeira rija e desconfortável das carteiras. Os anciãos disseram que isso era uma lapidação das virtudes de paciência e resistência que são esperadas dos futuros reis. Alguns reviraram os olhos. Os ensinamentos extracurriculares e as atividade específicas foram recebidas de bom grado, e ao final do sábado alguns príncipes já iam se destacando e ganhando reconhecimento. Príncipe William, por exemplo, recebera créditos no que se atrelava ao campo acadêmico, respondendo sempre cordial e  correto quando os anciãos faziam aulas dinâmicas e testavam o conhecimento dos príncipes. Ainda na segunda-feira eles passaram por sua primeira experiência naquele palácio de Equitação. Cada um deles ganhou um cavalo para realizar a montaria durante a temporada. Diga-se de passagem que o professor de equitação era um homem esguio e rígido, exigindo postura tanto dos jovens em comandar os cavalos quanto em guia-los para treinar os primeiros saltos em um campo aberto. A maioria dos príncipes estavam acostumados a andar de cavalo em seus reinos, o que facilitara parcialmente as atividades. No entanto, não bastava prática para se sair bem, e sim a química e relação que se estabelece entre o domador e o animal.  Muitos deles não conseguiram conduzir de primeira os bichanos, os quais eram naturalmente calmos, mas que barulhos altos ou movimentos bruscos os deixavam ariscos. Exigiam para tanto paciência e compreensão dos príncipes,  que evitavam efetuar números grandiosos ou saltos difíceis. Em exceção, claro, à Harry. Harry parecia ser uma exceção a tudo. O Príncipe Edward já tinha i********e com seu cavalo, já que insistira para ficar com o mesmo durante as seis temporadas, e o nomeara de Hades.  Era um equino Mustang de pelagem n***a com crinas longas, brilhantes. Corpulento e intimidador. O cacheado exibia-se correndo com Hades o mais rápido possível no perímetro do campo, fazendo-o saltar energético todos os obstáculos com maestria exímia, um sorriso superior e uma postura dominante.  Ele parecia desconectado do mundo, estando em sua própria realidade cheia de adrenalina. E embora realizasse números invejáveis pela área de treinamento, ainda assim extrapolava o comportamento que um rei, ou mesmo príncipe, deve transparecer ao cavalgar, tomando as rédeas veloz demais, audacioso demais, e nem um pouco requintado - apesar de alguns acharem que havia uma elegância peculiar em todas as suas extravagâncias. Príncipe Niall Horan teve o reconhecimento principal nesta área. Seu desempenho foi incrível - devido a ele estar na segunda temporada do Palácio e também já conhecer seu cavalo (um Paint Horse branco com manchas castanhas, esguio e gracioso) - executando acrobacias avançadas e cavalgando perfeitamente. Mesmo que não possuísse nem metade da agilidade de Harry Styles com Hades, Niall dispunha de uma postura majestosa, trotando em seu equino com altivez, pose ereta de príncipe e desenvoltura soberba de um rei. O treinador deles sorriu satisfeito para o resultado com os príncipes iniciantes, instruindo-os a levá-los eles próprios seus cavalos até o estábulo, em vez de acionarem os empregados reais, na intenção de criar vínculos de afeto com os bichanos. Enquanto acariciava o focinho de Hades, Príncipe Edward notou que o abrigo ao lado do seu cavalo no estábulo pertencia ao cavalo de Tomlinson.  Ele havia ficado com o suntuoso Appaloosa branco de crina platinada, patas fortes e musculoso. - Ele se chama Cretino. - Harry eventualmente murmurara a Louis, enquanto o menor escovava suavemente sua crina na comparticipação vizinha. O Príncipe William o encarou com condescendência, e mesmo com sua personalidade crua e jeito reservado, esboçou um sorriso educado a Styles. - Você o conhece? - Eu quem o batizei com esse nome. - Harry respondeu, revirando os olhos. - Posso lhe perguntar o por quê? - Porque... - cantarolou, apontando um dedo na direção do equino albino. - Esse cavalo me odeia. Quando me arrisquei a cavalgar nele, em épocas passadas, tentou levar-me ao chão e ainda coicear.    Príncipe William não foi capaz de segurar-se, soltando um breve riso, cordial porém não premeditado. - Ao menos vejo que se dá extremamente bem com o seu cavalo. - Louis reverberou, sinalizando para o grandioso Mustang preto. - Oh. Sim. Este é Hades. E eu sou o único que consigo me aproximar dele sem que fique irritado e agitado. - Styles murmurou orgulhoso, sorrindo para seu cavalo.  - Creio que Zeus não será exclusividade minha, por infortúnio ele me parece simpático, embora não seja um admirador seu.  - Zeus? Quem é Zeus? - Harry torceu o nariz. - Meu equino. - Louis o revelou, acariciando uma última vez sua longa crina branca. - Presumo que estou no direito de renomea-lo, haja em vista que 'Cretino' não é um nome adequado para ninguém. **** O restante das aulas específicas - esgrima, etiqueta, lutas de espada, ... - foram puramente teóricas. Dado ao fato dos príncipes ainda estarem em sua primeira semana de curso ninguém se atreveria, por exemplo, a colocá-los frente a frente com objetos pontiagudos em finalidade de se golpearem.  Diga-se de passagem que embora a maioria possuísse certo treinamento prévio, não era algo a se arriscar. Portanto nestes dias eles os instruíam as regras dos esportes, e seu funcionamento demonstrado.  Apenas isso. O que contribuiu para que não houvessem outros destaques - a não ser na aula de etiqueta em que tanto Príncipe William quanto Príncipe Liam apresentaram um desempenho faustoso, atuando formidavelmente na encenação de um julgamento - em que os príncipes eram reis e precisavam condenar camponeses imorais. Louis ficou responsável pelo caso de um homem que supostamente ateara fogo em um patrimônio público, condenando-a a dez anos presa no calabouço. Já Liam pegara um caso de adultério, não vendo outra saída senão sentencia-la a morte - tendo que adultério era visto como um pecado extremo. Os outros alunos, apesar de não manterem a pose durante toda a encenação ou pronunciarem falas formais e neutras o suficiente, também se saíram bem. Até ser a vez de Harry Styles, que já sentou no trono real do cenário com seu jeito petulante, rodopiando a cascavel. Logo em seguida entraram dois atores, ditos como homens homossexuais os quais ambos eram casados com mulheres e as traíam estabelecendo relações sexuais, para que o príncipe os condenasse. Seu sorriso aumentou e ele dispensou todo o primeiro ato de anunciar formalmente o julgamento. Sua primeira fala foi, na verdade, algo como: - Hum, então os danados andaram pulando a cerca? Eu vos entendo, falta algo nas mulheres, apesar de esplêndidas elas não têm o glamour entre as pernas. E isso bastou para Harry ser expulso dessa atividade, levando sua primeira advertência, e arrancando risadas incontroláveis dos demais príncipes. O Príncipe Edward ainda estalou um beijo no ar para os dois homens do julgamento, sibilando 'me incluam na relação, docinhos' mesmo ciente de que era tudo simulação. **** Então, depois de um sábado em que aprenderam a como recepcionar adequadamente eventos como chá da tarde, escolhendo o tipo certo de aperitivos e comportamento esperado de um anfitrião, foram informados que no dia seguinte participariam de um verdadeiro e primeiro chá da tarde no Palácio, com a presença de diplomatas húngaros. Domingo não foi tão fácil considerando que os húngaros não se comunicavam com a mesmo idioma que o aclamado inglês, ou nem francês (que era de domínio necessário), e sim húngara. Os príncipes foram divididos em grupos de seis e cada grupo seria responsável por receber um diplomata, servindo-o e 'falando' sobre os tratados comerciais regentes entre reinos da Hungria e reinos britânicos. Falar foi o verdadeiro desafio. Como estabeleceriam uma comunicação sem sair da pose de um 'rei' e não possuindo conhecimento algum da linguagem deles? Bem, o dicionário veio a calhar. Ainda muito complicado. A partir desse evento, os príncipes tiveram uma clara dimensão da dificuldade cobrada na Anistia dos Tronos. Seria um verão de descobertas. A principal delas proveio do grupo do Príncipe William que, realmente ficou de queixo caído, ao presenciarem Louis balbuciando algumas frases no idioma húngaro, sem falhar. Apesar de não ser tão fluente, conseguiu se virar com sua postura sublime e comportamento augusto, recebendo elogios do diplomata responsável, e olhares surpresos dos príncipes de sua equipe. - mesmo que Tomlinson somente acenasse em agradecimento para toda a bajulação -. Assim, ao cair da noite e despedida dos diplomatas, que avisaram voltar em quatro semanas quando esperavam que todos estivessem mais treinados e prontos para tratarem de fato de novos acordos - já que nenhum foi estabelecido pela falta de compreensão linguística - os príncipes retornaram aos seus aposentos. Viu-se nestes setes dias uma acensão moral do Príncipe William, o fortalecimento social entre os príncipes, a aprendizagem árdua que enfrentarão, e, principalmente, a maior frequência de príncipes que se esgueiravam pelo corredor durante a madrugada, saindo nas pontas dos pés do aposento com o lenço vermelho amarrado na maçaneta de ouro, pertencente a Harry Edward Styles. Os boatos são que seu exército de admiradores secretos estava ganhando novas proporções. Afinal, quem resiste ao pecado e a imoralidade quando estes possuem olhos verdes e um cetro de cascavel?
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