Aposta certa. Estratégia errada.(Ainda estão rolando os dado

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Sinopse

Aaron e eu, finalmente decidimos por um ponto final em nosso jogo de poder e sedução e resolvemos tirar nosso relacionamento do papel e transforma-lo em realidade. Eu optei por deixar para trás todas as minhas desconfianças e teorias de conspiração, afinal, o que estava feito, não havia como ser desfeito! Se Aaron errou, eu errei. Nanda errou, Duda também. Todos nós erramos! Se eu quisesse recomeçar minha vida, não poderia ficar me prendendo aos erros do passado. Então decidi deixar tudo o que não podia ser mudado para trás e seguir em frente com minha nova e amada família. Como boa jogadora que me tornei, essa era minha única tática. Mas acontece que nem todos os jogos dependem unicamente de táticas ou estratégias, quando se joga com pessoas, vidas e vontades alheias, há muitos outros elementos que te levam à uma partida de sucesso ou derrota. No meu caso, a verdade era esse tal elemento que influenciava muito nesse jogo que criei em minha cabeça. E por mais que eu tentasse esconder, mentir para mim mesma, ainda havia algo dentro de mim gritando por descobrir as coisas que eu não sabia se queria trazer a tona. E elas vieram! O problema é que eu não tinha um plano B para essas malditas verdades que viraram a mesa e destruíram todas as minhas estratégias. Perdi completamente a noção do que era real. Já não sabia mais se Aaron era o homem que idealizei, se ele me amava como eu o amava. Meu castelo ruiu. Meu sonho de família perfeita foi para o espaço. E eu fui do céu ao inferno. Agora, aqui estou eu novamente. Após ter toda a verdade estampada na minha cara, tentando me refazer e continuar em campo para salvar o pouco que me resta. Por mais que me doa, não vou desistir. Não posso… ainda estão rolando os dados e eu… aposto tudo!

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NEM TUDO QUE RELUZ É OURO!
                ­— Bom dia, meu amor! – Abri apenas um dos olhos e vi Aaron em forma de borrão afastando as cortinas grossas que impediam o sol de entrar.             — Pelo amor de Deus, feche essas cortinas... – resmunguei, cobrindo a cabeça com o edredom.             — Está na hora de levantar. – Ele puxou o edredom de um lado e eu do outro. Obviamente por ser mais forte, levou vantagem e logo eu estava nua, mas não completamente descoberta, Aaron jogou seu corpo sobre o meu e me cobriu de beijos por todo o rosto.             — Não. – Desviei a boca. — Ainda não escovei os dentes. – Relutei.             — Não me importo – beijou meu nariz. — Também amo seu bafo.             — Urgh! Aaron, não exagere!             Ele riu e depois, me roubou um beijou.             — Anda, levanta!             — Nem fodendo. – Virei de lado, saindo de seu alcance. — Eu não saio dessa cama a essa hora da madrugada, de jeito nenhum.             — Madrugada? – Seus braços e pernas me enlaçaram. — Já são quase 11h!             Arregalei os olhos.             — 11h da manhã? – Me livrei de seus braços e preguiçosa, sentei na cama. — Só dormi tanto tempo assim quando estive em coma. Como pôde me deixar dormir até essas horas?             — A verdade... – o homem de um metro e noventa se ajoelhou atrás de mim e acariciou minha pele – é que você não dormiu tanto assim... — beijou meu ombro. — Então eu achei melhor te deixar descansar, para recompensá-la de todos os esforços que a obriguei fazer toda a madrugada. – Passeou as mãos até meu abdômen e então me puxou de volta para si.             Arrepios percorreram por todo meu corpo, deixei minha cabeça pender para trás escorando em seu peito. Espetinho, ele aproveitou a deixa e cravou os lábios em meu pescoço.             — Hum... – gemi baixinho — isso é bom!             Minha mente vagou para a noite anterior. Aaron e eu realmente quase não dormimos. Ainda sentia o ardor entre minhas pernas e algumas dores musculares em certas regiões do corpo. Estava a ponto de recomeçar a maratona s****l de horas atrás, mas logo recobrei o juízo.             — Arthur! – Abri os olhos e sai de seus braços.             — Está com Isabel, no jardim! – Aaron respondeu simplesmente.             Levantei correndo da cama e procurei meu robe.             — Meu Deus, como posso ter sido tão irresponsável? – Entrei dentro do tecido de seda, amarrei-o com um laço e prendi o cabelo, apressada.             — Onde você vai?             — Ver ele...             Aaron se levantou e veio até mim.             — Ele está bem. – Tentou desfazer o laço do meu robe, mas o impedi.             — Já está quase na hora do almoço dele, e eu nem o vi tomando café da manhã...             — Mas ele tomou – me puxou pela gola do robe, sem desistir de me seduzir — eu mesmo servi.             — Serviu? – Segurei suas mãos inquietas.             — Sim. – Me juntou contra o peito novamente e ronronou em meu ouvido. — E a Mercedes com certeza vai se encarregar de que ele almoce exatamente no horário.             Beijei seu queixo.             — É estranho não participar das rotinas dele. Parece que perdi algo... você podia ter me acordado pelo menos pra dar o café dele... – reclamei.             Aaron apenas sorriu e beijou meus cabelos.             — Estávamos deixando a mamãe descansar. – Respondeu com ares maliciosos.             O encarei, ele sorriu novamente, e dessa vez tão largo e tão espontâneo, assim como o que acabou de dizer, que meu coração se encheu de alegria. Será que tudo era um sonho bom? Se fosse, não queria ser acordada.             — Você disse "mamãe"? – Não pude evitar de ficar boquiaberta.             — Hum-hum! – Balançou a cabeça em concordância.             — Tá me zoando, né? – Precisava me certificar de que não se tratava de uma piada de mau-gosto, mesmo sabendo que Aaron não fazia piada.             — Zoando, Sophia? – Me olhou de lado, ele odiava minhas gírias. — Como chamamos as mulheres que cuidam, mimam, protegem e amam seus bebês, se não de mamãe?             — Mamãe! – Murmurei a palavra, saboreando cada doce letra.             — A não ser que, não se sinta como uma ou ache que essa responsabilidade é demais para você... podemos começar com um "titia"! Ele a ama de qualquer jeito, não importa que nome a relação entre vocês tenha.             — Que tia, que nada. Aquele reizinho é meu bebê! Eu o amo mais que tudo nessa vida, até dói assumir isso, mas... – não pude crer no que estava prestes a dizer. — Eu o amo até mesmo mais que a você. Mamãe está ótimo pra mim. – Colei um selinho rápido em seus lábios.             — Eu deveria sentir ciúmes, mas entendo o que está dizendo. Arthur também é o amor da minha vida! Portanto não se sinta culpada em admitir.             — Bom, se ele é o amor da sua vida, o que eu sou então? – Fingi estar ressentida.             Sem perceber, o laço do meu robe já estava aberto. As mãos de Aaron já haviam invadido o fino tecido n***o e alisavam minha pele.             — Você é a minha vida! – Havia paixão, fogo e desejo em seus olhos e muita segurança em sua voz.  ****             No final da tarde daquele domingo, eu já havia feito amor em vez de almoçar, brincado com meu filho na piscina, na brinquedoteca que montamos no solário, lido histórias infantis para ele e o colocado para tirar uma soneca.             Aaron deixou que eu o levasse para o meu quarto, então acabei cochilando também. Despertei depois de quase uma hora e ainda me sentia cansada, embora tivesse passado todo o dia anterior, trancada no quarto com Aaron e Arthur, comendo, dormindo, brincando, assistindo vídeos infantis... a madrugada intensa de amor me sugou todas as energias. Aaron e Arthur eram minha bateria. Mas eu estava emocionalmente cansada também, a manhã do sábado me deixou arrasada, depois de romper com minha melhor amiga, e mesmo tendo um resto de dia maravilhoso em família, a sensação de perda junto com a moleza de duas noites praticamente em claro, me detonaram.             Tento não pensar em Nanda, mas vez ou outra, seu rosto invade minha mente e eu quero gritar para que suma de minhas lembranças ao mesmo tempo que me sinto triste porque uma parte do que eu sempre conheci como família, não existe mais.             Decidi tomar outro banho, agora com mais calma, já que Arthur dormia tranquilinho e sem nenhum sinal de que pretendesse despertar. Sequei meus cabelos com o secador, hidratei meu corpo, vesti uma calça skinny e uma camiseta de algodão. Quando sai do closet, o pequeno já estava brincando com seu ursinho, feliz da vida.             — Acordou, meu amor? – Ele me estendeu os bracinhos gordos e sorriu, mostrando os quatro dentões da boca. — Que bom, porque já está na hora da sua jantinha.             Troquei sua fralda e o levei para Isabel. Pedi que ficasse com ele para que eu colocasse a janta, já que não almoçamos juntos, queria reunir todos a mesa. Desci para procurar Aaron, não o vi desde que deitei para descansar com Arthur. Com certeza estava trabalhando no escritório. ****             — Mercedes! – Ela acabara de sair do escritório. – Estava com Aaron?             — Estava sim, senhora. – Pareceu assustada ao me ver.             — Aconteceu alguma coisa? – Coloquei os braços para trás e enlacei os dedos.             — Nada demais, apenas revisando algumas coisas do sistema? – Coçou a nuca.             — Que coisas? Eu estou atualizando tudo pessoalmente, se tiver alguma dúvida, fale comigo. Sabe que Aaron passou essa responsabilidade pra mim.             — Sim, mas como estava descansando, não quis incomodá-la.             — Entendi. Mas se puder evitar, não vamos tomar o tempo dele se não já viu... – alertei. — Esse homem preza por seu tempo, tanto quanto pela família.             — Sei sim, senhora. – Tenho consciência de que ela sabe disso melhor que eu, motivo pelo qual não entendia sua atitude. — É que ele me viu tendo problemas com o tablet e resolveu me ajudar. Coisa simples, eu que não sou muito boa para lidar com tanta tecnologia. Mas prometo não incomoda-lo novamente. – Justificou-se.             Mercedes não costuma se justificar, não com tantos detalhes. Ponderei.             — Sei. – Nos entreolhamos por alguns instantes, então prossegui: — Mas resolveram?             — Resolvemos.             — Ótimo. – Preferi deixar essa história de lado, o dia estava correndo bem demais para perder tempo com picuinhas. — Sabe se ele está muito ocupado?             — Acho que está trabalhando.             — Tá! Eu vou trocar umas palavrinhas com ele, como está o jantar? Precisa de ajuda na cozinha?             — O sr. Dutra acabou de me pedir para não preparar nada.             — Como assim? Ninguém come mais nessa casa? – Estranhei.             — Não sei, senhora. Talvez ele tenha outros planos. – Fez ares de mistério. É claro que sabia!             — Tudo bem. – De você, nunca consigo nada! Desisto de nossa conversa. — Vou falar com ele, obrigada.             — Como quiser. – Meneou a cabeça e virou-se para sair, certamente agradecida por ser dispensada.             — Ah, Mercedes... – chamei antes que ela se fosse. — Sei que praticamente não nos falamos desde ontem, mas quero que saiba que segui seus conselhos.             Ela respondeu com algo parecido com um sorriso.             — Bem, não totalmente... – me corrigi. — Mas eu fiz a pergunta que me pareceu mais importante e foi o suficiente.             — Poderia saber qual foi essa pergunta? – Hã-ham! Enfim, consegui sua atenção!  Ela estava esperançosa pela resposta. — Se não for me intrometer demais...             — Que isso, mulher? Claro que pode. Eu perguntei se ele me ama... – sorri como uma i****a, não conseguindo esconder minha felicidade. — Nem preciso dizer o que ele respondeu, né? Dá uma olhada nessa cútis lisinha. – Passei as mãos pelo rosto.             — Acha que apenas isso resolve seus problemas? – Quase me esqueci de como Mercê ama quebrar qualquer tijolinho que coloco na construção de meu castelo.             — Também encerrei minha relação com a Nanda ontem. – Senti o gosto amargo da bile subindo. — Você deve imaginar o porquê... – me referi a maternidade de Arthur, e ela concordou com a cabeça. — Não se preocupe Mercê, não vou perder o juízo, nem meus homens. Vai ter que me aturar... continuo sendo sua sobrinha e espero que pra sempre. – Mostro os dedos das duas mãos, cruzados.             — Me alegro em saber. – Respondeu simplesmente. Os olhos esperançosos murcharam.             Algo em sua voz não combinava com o que dizia. Franqueza era a marca registrada de Mercedes.             — Está tudo bem! – Achei por bem garantir a ela que falava a verdade e assim, deixá-la mais tranquila. — Sério!             — Que bom. – Sei que ela não acreditou em uma palavra do que eu disse. — Com licença.             Revirei os olhos, ô mulherzinha difícil de convencer, meu pai! ****             — Evento na empresa? – Me sentei na poltrona de couro preto, passada com o convite que acabara de receber. — Ai Aaron, não sei se consigo encarar toda aquela gente, assim, em cima da hora... – esfreguei as mãos no jeans. — Não me preparei pra algo deste porte. Acho melhor você ir sozinho. Afinal, já é meu representante legal mesmo.             Aaron sorriu e sentou-se no sofá a minha frente.             — Mas você não vai precisar discursar ou coisa desse tipo. É uma festa para a reinauguração oficial da empresa. Vamos apresentar a nova logomarca e alguns dos resultados que já tivemos com as mudanças feitas durante quase um ano e meio. – Explicou.             — Ok. E onde eu entro nisso? Não entendo nada de nada. Se você é meu porta-voz e CEO da empresa, qual a importância da minha presença? – Estava insegura.             — Maior do que imagina. – Arrastou o corpo mais para frente, se inclinou em minha direção e pegou minhas mãos. — Quero apresentar a sócia majoritária a todos os outros sócios e mais que isso, quero que toda a sociedade conheça a minha mulher!             Meu queixo caiu e por pouco não bateu no chão. Em um movimento rápido, ele já me tinha em seu colo.             — E então, meu amor... – acariciou meu rosto e ajeitou minha franja atrás da orelha. — Aceita ser minha companhia de honra na reinauguração, semana que vem?             — Tem certeza do que está me propondo? – Ainda não estava certa do que responder. – Sabe que depois disso não terá mais volta. Todo mundo vai saber que não está mais disponível no mercado, inclusive suas fãs, que eu sei muito bem que não são poucas...             Ele riu com todos os dentes. Eu fiz beicinho.             — Você é engraçada e fica ainda mais linda quando está com ciúmes. – Beijou meu rosto. — Na agenda da Mercedes tem os telefones dos melhores lojistas de moda feminina, alguns são clientes meu... diga para ela entrar em contato com alguns deles e escolha o vestido que te agrade. Quero você ao meu lado. – Beijou minha mão. — Quero que todos saibam que não estou mais disponível no mercado! – Riu.             Eu o beijei, emocionada.             — Agora vai... – interrompeu nosso contato. — Saia logo daqui ou não vamos jantar também e ninguém vive só de s**o, infelizmente. – Me colocou em pé. — Meu pai está nos aguardando. Não quero atrasar!             — É muito louco as voltas que o mundo dá, né? De um dia para o outro, somos marido e mulher e eu ganhei uma empresa, uma casa linda, um filho maravilhoso, uma tia ranzinza e um sogro médico. – Comentei. — Uma família completa. Tudo que eu nunca desejei, mas agora que tenho, não troco por nada. Obrigada por tudo que meu deu, meu amor.             — Você fez por merecer... por mim, terá muito mais. – Nos abraçamos e ele ergueu meu queixo com o dedo indicador. — Eu te amo! ***             O doutor morava em uma cobertura no Itaim, cerca de uns dez minutos de carro da nossa casa. Eu esperava encontrar o médico, vestido em seu terno habitual, sempre formal e bem alinhado, porém me deparei com um charmoso jovem senhor vestindo calça jeans, sapa-tênis e camisa polo por baixo de um avental de cozinha.             Tivemos uma noite agradável, confesso para vocês que no início fiquei um tanto tímida. Meus únicos contatos com o pai de Aaron, foram todos de cunho profissional, sempre nos atendendo. Era a primeira vez que estávamos juntos como família e tudo ainda era meio estranho para mim. Mas o dr. Alonso soube contornar a situação e em menos de uma hora, já me sentia confortável.             Fiquei encantada ao vê-lo ser apenas avô e não o doutor. Era lindo estar com as três gerações Dutra, todos em comunhão, interagindo naturalmente. Me encantei vendo Aaron ser pai, me apaixonei vendo-o ser marido e agora o amava mais, descobrindo-o como filho. Os deixei sozinhos e pedi permissão para conhecer a casa. Eulália, a empregada me acompanhou pelo tour e apresentou cada cômodo. As fotos pelo corredor e quartos, contavam a história da família. Aaron foi uma criança linda, um adolescente desengonçado e um jovem misterioso. Fui surpreendida ao descobrir que diferente de sua família materna, a paterna era numerosa. Meu marido tinha tios, tias, primos, primas e até os avós ainda eram vivos. Eulália nomeava cada um deles e não consegui guardar todos os nomes, mas me perguntei porquê ele não mantinha contato ou os recebia em casa. Éramos sempre nós, e pelas fotos, algumas bem atuais, ele parecia estar em harmonia com os seus.             Entre os quadros, eu já conseguia identificar os que foram pintados pela minha sogra. Também vi alguns dos troféus que ganhou no colégio e seus diplomas de faculdade, cursos... estavam todos enquadrados, juntos com os do pai, no escritório. O quarto de Aaron foi transformado em quarto de hóspedes pela família que antigamente alugava o apartamento, alguns de seus brinquedos estavam encaixotados no depósito. Tomei a liberdade de levar a caixa para a sala e a abrimos junto com Arthur. Aaron encontrou um cavalinho de madeira, feito à mão por seu avô materno. Foi a única coisa que trouxe de Cuba. O reizinho pareceu gostar do brinquedo e todos concordamos que deveria ficar com ele. Vi os olhos de Aaron marejar, mas ele disfarçou muito bem escondendo a emoção. Acariciei suas costas e ele beijou meus dedos.        Comemos uma pasta italiana, receita familiar, mais precisamente da avó do dr. Alonso. Conversamos sobre quem foi Aaron quando jovem, ouvir a versão contada pelo pai, era engraçado ao mesmo tempo que bonito. Fiquei satisfeita quando me disse que Aaron jamais havia levado as namoradas em casa e eu era a primeira.             — Tecnicamente ele ainda não apresentou nenhuma namorada, senhor Alonso – sorri e bati meu cotovelo de leve em sua costela. — Seu filho sequer me pediu em namoro. – Brinquei.             — Porque eu sabia que você seria minha esposa – deu os ombros e limpou a boca no guardanapo — para que perder tempo com namoro?             Dr. Alonso riu, relaxado.             — Esse Aaron... – balancei a cabeça — sempre preocupado com o tempo.             Enquanto isso, Arthur que estava em meu colo, se aproveitou de um descuido meu e rapidamente enfiou a mãozinha em meu prato.             — Oh, meu Deus, Arthur! – Tratei de limpar o molho em seus dedos antes que aquilo fosse parar em toda a roupa. — Comporte-se ou o vovô vai pensar que a mamãe não te dá educação. – O médico quase colocou para fora, o vinho que acabara de engolir.             — Perdão. O que ela disse? – Sua face estava rubra e os olhos estalados.             — Sophia é minha esposa, cria meu filho praticamente desde que chegou em casa... – Aaron deixou os talheres no prato e se direcionou ao pai. — Da mesma forma que o senhor me acolheu e amou, ela tem feito com Arthur. É a mãe dele! – Concluiu.             Por baixo da mesa, seguramos as mãos.             — Claro meu filho! Tem toda a razão. – Meneou a cabeça para mim, estendeu um sorriso acolhedor. Era oficial, eu fazia parte daquela família. ***             No caminho para casa, comentei com Aaron sobre as pessoas que vi nas fotos espalhadas pelo apartamento do seu pai, e perguntei porquê não falava sobre eles ou porquê ninguém o visitava... ele me explicou rapidamente e sem muitos detalhes, que teve um ano difícil e conflituoso, por isso preferiu se afastar um pouco para resolver seus problemas sem contaminar o seio familiar. Todos respeitaram sua decisão. Não precisava dizer muita coisa, eu entendi as breves palavras. Por sua causa, Sophia! Por causa de Duda, Nanda e Arthur... Aaron está tendo um ano sabático longe dos familiares.             — Não fique pensando besteiras! – Ele me deteve ao parar no farol.             — Não estou! – Menti, forçando um sorriso.             — As coisas estão se ajeitando... me dê um pouco mais de tempo e logo estará inserida por completo, participando de todas as reuniões familiares, trocando receitas com minhas tias, recebendo mimos da vovó Iolanda, ouvindo as conquistas militares do velho Aaron, escutando cantadas baratas dos meus primos e fofocas ao meu respeito pelas minhas primas. – Me deu um beijo leve e arrancou com o carro quando o sinal ficou verde.             — Me parece perfeito! – Raios de esperanças e ansiedade espalhavam por meu corpo.             — Também podemos levar Arthur para conhecer meus avós maternos.             — Em Cuba? – Fui surpreendida com a novidade de que eles ainda estavam vivos.             — Em Santana do Parnaíba, mais precisamente na Casa de Repouso Recomeçar.             Aaron era mesmo uma caixinha de surpresas, cada vez que se abria, me deixava abismada com suas revelações.             — Eu achava que eles nem estivessem vivos e você me diz que eles estão aqui, no Brasil?             — Meu pai os trouxe pouco antes da minha mãe morrer, eles moraram conosco até ela partir... mas já estão muito idosos, precisam de cuidados especiais. A mobilidade do meu avô é limitada. Alonso é amigo do dono dessa clínica, nós fazemos doações há muitos anos, temos plena confiança de que lá, são bem tratados e não é tão longe assim. Mercedes e eu os visitamos com frequência. Mas às vezes, eles custam a nos reconhecer. – Com o jeito Aaron de ser, ele me narrou rapidamente a atual situação dos avós maternos e de forma tão distante, que não parecia ser a sua própria história sendo contada. Ainda há barreiras a serem derrubadas nesse coração.             — Passada! – Murmurei incrédula.             — Sinto muito por antes não te dizer muito sobre mim, mas entenda que eu precisava de tempo, e nós estamos começando a nos conhecer agora... eu precisava ir com calma, me sentir confortável e seguro... – Quase me senti constrangida, Aaron algumas vezes parece ler minha mente.             — E você não sabia se valia a pena me contar sobre todas essas coisas. – Completei o que ele não teve coragem de dizer. — Agora sabe que pode, quero conhecer você Aaron. – Alisei seus cabelos. ***             A semana passou como um raio, e a rotina em casa seguia em plena harmonia. Aaron se esforçava para chegar cedo e jantar conosco, nem sempre era possível, mas o café da manhã era regra e algumas vezes ele conseguia vir para almoçar.             Arthur aprendeu a enfiar coisas na boca, nariz, dentro da fralda e vez ou outra em qualquer buraco que encontrasse por onde passava com seu possante andador. Ele também gostava de mudar as coisas de lugar e arrastava tudo que conseguia. Também aprendeu a ficar em pé sozinho e não podíamos descuidar dele que já o encontrávamos pendurado nas coisas. Foi uma semana de descobertas para o nosso reizinho e eu fazia questão de registrar cada momento. Quando não enviava fotos ou vídeos para Aaron durante o dia, ele mandava mensagem cobrando.             Tudo corria às mil maravilhas. Sol tentou me ligar algumas vezes e eu não tive coragem de atendê-la, então mandei uma mensagem dizendo simplesmente que precisava de um tempo e assim que me sentisse a vontade, sentaríamos para conversar. Solange que é uma pessoa que não se apega a sentimentos negativos, nem complica as coisas ainda mais do que já o são, apenas respondeu que me amava e que respeitaria meu time. Era uma pena que sua irmã não tivesse o mesmo caráter, mas desapeguei total e me obriguei a não pensar em Nanda, quis manter qualquer coisa relacionada a ela, longe de mim e dos meus.             Karina apareceu duas vezes na semana, mas quase não nos cruzamos. Trocamos palavras rápidas e tive a impressão de que ela me evitava. Cheguei a cogitar que Mercedes tivesse contado a ela sobre a minha ideia maluca de usá-la para investigar Aaron. Depois descartei essa suspeita infundada. Mercedes não era traíra e mesmo com algumas ressalvas, eu a tinha do meu lado. Preferi deixar as coisas como estavam e não amolar Karina, afinal, de certa forma ela também era da família e eu pretendia manter um longo e saudável relacionamento com ela. ****             Aaron passou o domingo mais calado que o normal, parte do dia trancado no escritório. Na segunda, saiu cedo, antes que eu acordasse. Como era a data do primeiro evento no qual iríamos juntos e pelo que implicava - reinauguração da empresa, minha apresentação como sócia e esposa, - dei um pouco de espaço a ele. Eu também precisava. Se ele estava ansioso, imaginem o meu estado.             Passei o dia nervosa, inquieta. A loja onde comprei meu vestido, mandou dois profissionais apenas para me vestirem. Duas horas antes deles, a equipe do salão chegou para me darem uma geral. Era 5h30min quando me despedi de todos eles. Como sei que Aaron preza muito pela pontualidade, preferi estar impecável com quase duas horas de antecedência, o que não deu muito certo e acabou piorando meu nervosismo. Aaron era quem estava atrasado! Algo completamente improvável de acontecer.        Para não demonstrar minha ânsia, nem faze-lo pensar que eu estava pressionando, pedi que Mercedes ligasse pra ele e perguntasse "despretensiosamente" se ele gostaria que Carlos nos levasse ou se poderia dispensá-lo. A contragosto, ela fez como pedi e recebeu um seco "sim" com resposta, seguido de um "diga para ele ficar a postos as 7h30min. Chego em casa em trinta minutos."             Perguntei a Mercedes o que ela achava dessa atitude de sumir bem no dia do nosso evento mais importante e não me dar satisfação, mas a tia de Aaron passou uma semana tão alheia quanto ele estava sendo naquele dia, tudo que conseguiu me dizer foi que deu deveria ficar calma e não procurar coisa onde não existia. O que só serviu para me deixar ainda mais apreensiva.

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