Renê Narrando O sol tava nascendo por trás das vielas do Vidigal, e eu, sentado na varanda da minha cobertura, tragava meu charuto cubano enquanto olhava pro morro que era meu reino. Cinquenta e poucos anos na cara, e ainda mandava nessa p***a toda como se fosse moleque. Não foi sorte, não, foi sangue, suor e muito corre. Ninguém me deu nada de graça. Eu conquistei essa p***a no tapa, na bala e na estratégia. Lembro como se fosse ontem quando cheguei aqui. Era um zé-ninguém, vendendo bagulho em sacolinha, mas sempre de olho no topo. Sabia que o bagulho ia virar se eu jogasse certo, e joguei. Fui passando por cima de um por um, mas sem vacilar com os aliados. Jogo sujo? Só se fosse contra quem merecia. Comigo era lealdade acima de tudo. Olhando agora, com meu cordão de ouro pesando no p