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O Ditador

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Blurb

Como seria se de repente seu pais não fosse mais livre? E se de um dia para o outro você descobrisse que é a única que pode mudar a situação?

Dill é uma garota inteligente e segura de si, nada pode abalar sua altoestima,a não ser um certo homem misterioso.

Guillermo é um homem sem escrúpulos, uma reviravolta na economia do país faz dele um ditador. Filho de italianos, ele é um brasileiro apaixonado pela pátria Brasil. O poder lhe torna diferente, manipulado por seus pais, ele transforma o país em um lugar difícil para o próprio povo.

Esses dois destinos irão se cruzar.

Uma história de amor e guerra, dois lados da mesma moeda.

Será que o amor pode derrubar uma ditadura?

Você vai descobrir em O Ditador.

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Como eu era, como eu sou.
Tudo aconteceu num piscar de olhos, eu tinha vinte e quatro anos. Foi uma guerra maior. Me tornei o guerreiro número um dessa guerra que nunca foi minha. O Brasil passava pela maior crise politica e economica da história. Não havia recursos para todos. Eu não pude evitar. Não sou militar nem nada, meu pai é. Me disse que eu tinha que derrubar o atual presidente e assumir seu lugar. Ele queria que fosse ele, mas não podia. Não era brasileiro. Eu era. Um golpe de estado tirou o presidente. Na verdade, como meu pai dizia, era um presidente ilegítimo. Foram realizadas novas eleições. Eu venci. Ninguém era páreo para meu plano de governo. Mesmo sendo tão jovem venci. O mais jovem Presidente da República que o Brasil já teve. Meu nome é Guillhermo Valentinni. Tenho trinta e dois anos. Sou presidente do Brasil há nove anos. Não saí do poder quando meu mandato acabou. Forcei a permanência. Quero ver quem é capaz de me tirar. Ah, esqueci de dizer, sou portador de deficiência física. Um acidente me deixou preso a uma maldita cadeira de rodas pelo resto da minha vida. Isso não muda o fato de eu ser quem sou. Eu estava esquiando e uma árvore surgiu no caminho. Não a vi até bater de frente com ela. Acordei meses depois no hospital, pela metade. Sim. Eu me sinto meio homem. Não desejei mulher nenhuma desde então. Os médicos dizem que passa. Mas eu já desisti. Não quero que tenham pena de mim. Quero que me temam. Entro na sala adaptada para a minha cadeira de rodas e vejo que minha secretária tem algo para mim. -Senhor, os relatórios dos pelotões. -O pelotão do centro tem algo novo sobre os rebeldes? -Sim senhor. -Prossiga. -Eles estão crescendo em número e em organização. -m***a! -Sugiro que suspenda os suprimentos... -Ficou maluca? Quer causar a terceira guerra mundial? -Eles planejam invadir o Palácio do Planalto. -Não conseguirão nada. -Senhor eu pensei que talvez... - Cale- se, você não é paga para pensar! -Será perigoso para o senhor. -Acha que sou um inválido Sabine? -Não! Claro que não! Bufei irritado. Sabine quando não estava se insinuando para mim estava me tratando como se eu não fosse capaz de me defender. -Saia! -Mas... -Saia agora! Ou não respondo por mim. Ela girou em seus calcanhares e correu em direção a porta, levando os relatórios consigo. -Deixe os relatórios! -Oh,sim... Ela voltou e os soltou tudo em cima da mesa antes de sair batendo a porta. Apesar de inconveniente, Sabine era extremamente competente. O que a fazia manter seu emprego. Peguei a pasta com os relatórios e passei a ler cada um. Tinham fotos e arquivos. Nomes e dados de supostos integrantes do movimento contra o poder. Havia a foto de um garoto. Havia algo naquele olhar. Havia algo a mais do que havia no olhar dos outros. Mágoa? Eu não saberia dizer. Só sei que aquele olhar irradiava vivacidade. E me fazia experimentar um sentimento que nunca senti. Medo. Apertei o botão do interfone. -Sabine, aumente o abastecimento da região central. -Sim senhor! Ela não ousaria me contrariar, mesmo que sua voz dissesse claramente que me achava maluco. Você deve estar se perguntando como controlo o abastecimento? Simples. Toda empresa que faz entrega deve satisfações a mim, caso contrário fica impedida de realizar sua função. Então eu controlo para onde vai todo o suprimento de comida, água, medicamentos e afins de todo o Brasil. Nada chega a uma determinada região sem que eu aprove. E não eu não estou em Brasília. Não estou no Palácio do Planalto. Lá estão apenas meus agregados. Eles fazem todo o monitoramento do país através de centrais instaladas ali. E eu? Eu estou na minha mansão em São Paulo. Escolhi a capital econômica do país para montar meu império. Daqui posso tudo. Agora a capital do Brasil é aqui. De volta as raízes. Minha casa é uma fortaleza, ninguém é capaz de entrar aqui. Sabine explode dentro de meu escritório, o burburinho é alto o suficiente para que se ouça da esquina. -Senhor, ele insistiu... -Zitta ragazza, non ho bisogno che tu parli per me! -Se acalme pai, eu disse para Sabine que não queria ser incomodado por ninguém. -Non mi rivolgo a questo. - O senhor pode parar de falar italiano comigo? Sabe que não gosto. -Che fottuto. Está bem, mas diga a essa ragazza que não tente me barrar novamente. Sabine me olhava de soslaio, sua pele clara, estava vermelha feito um tomate, fazendo contraste com seus cabelos loiros. -Você já pode ir Sabine. Vá tomar um café enquanto converso com meu pai. -Sim senhor. Ela não pensou duas vezes e correu para fora, fechando a porta atrás de si. Apesar de seguir em boa parte os conselhos de meu pai, as vezes ele me tirava do sério. Não suportava a idéia dele invadindo a minha casa o tempo todo, então disse a Sabine para não deixá-lo entrar. Disse isso a segurança também, mas pelo visto não surtiu efeito. -Diga. O que é tão importante? -Recebeu os relatórios? -Sim, estava lendo, antes de ser intertompido por você. -Guillhermo, me respeite! Está onde está porque eu te coloquei aí. -Não pai, eu me coloquei aqui, você apenas deu a idéia. E por mais que seja meu pai, não vou admitir certa afronta. -Precisa cortar os suprimentos do Centro. -Fiz exatamente o contrário. -Ficou louco!?? -Isso não é da sua conta... -É sim. Sabe que sim! -O que mais você quer? Você e a mamãe tem tudo o que querem, por que não podem me deixar governar meu pais? -Porque você não sabe o que está fazendo! -Saia, não quero mais essa discussão. -Como ousa me mandar sair? -Então saio eu. Virei minha cadeira bruscamente e abri a porta. -Os relatórios estão aí, pode ler. Já que você quem deveria estar no poder e não eu. Resolva os problemas. -falei sem olhar para ele. Sai do meu escritório e fui para o meu quarto. Sabine estava lá. -Pegou os relatórios? -Sim. Ele nem notou. Pude ouvir os gritos de meu pai quando ele não encontrou nada em minha mesa. -Obrigado Sabine, pode ir. -Tenho mesmo que cruzar com ele? - Vá pela outra porta. - Sim senhor. Ela saiu e eu fiquei sozinho. Meu pai estava começando a me deixar muito irritado. Eu tinha que conseguir um jeito de tirá-lo de circulação. Mas isso seria outra hora, naquele momento eu tinha um compromisso. Já faziam alguns meses, eu vinha saindo as ruas, para conhecer a situação do povo. Saber o que eles tramam, o que os rebeldes tramam. Mas nunca encontrei nem vestígio dos tais rebeldes. E ninguém falava sobre eles. Tirei minhas roupas e coloquei as roupas de sair, um jeans surrado, uma camiseta preta de gola v e um sueter puído. Para finalizar tênis velhos e um boné. Sai pela porta dos fundos. E fui até meu SUV. Não havia ninguém. Eu subi, dobrei a cadeira de rodas e coloquei no assento do passageiro. Dirigi até a estação de metro mais próxima. Lá começou meu tour pela cidade. Viajei por algumas estações e decidi que Brás era adequada para descer. Apesar das dificuldades que um cadeirante tem, a estação era bem equipada. Eu fiz isso. Porque não é facil se locomover sem adaptações quando você está preso a uma maldita cadeira. Saí no Largo da Concórdia, havia muito mais camelôs do que antigamente. Era intransitável. Passava das quatro da tarde e ainda havia uma grande aglomeração deles. Haviam prostitutas em todas as esquinas. A profissão mais antiga do mundo tomava boa parte do centro da cidade. A economia melhorara bastante, mas quem se opunha ao sistema, ao meu sistema, não tinha acesso a ela. Então se viravam como podiam. Andei por ali por cerca de duas horas, parei em uma lanchonete para tomar uma cerveja e observar o ambiente. Por volta das dez, já não havia muita gente e resolvi que era hora de voltar. Paguei a conta na lanchonete e saí, quando estava quase chegando a estação de trem, já passava das onze e meia, ouvi passos e me virei para olhar. Um homem que parecia drogado veio em minha direção. -Ei você, eu conheço você. -Não nos conhecemos. -Esse boné não disfarça essa sua cara... Me apavorei, será que ele sabia quem eu era? Será que ele sabia do meu diafarce? Não tive tempo de descobrir. Uma garota veio correndo e entrou na minha frente. -Ô Ceará, deixa o mano em paz! Não tá vendo que ele é deficiente? Se não fosse por eu ter ficado estupefado pela beleza dela, eu haveria me irritado por ela me chamar assim. Ela conrinuou discutindo com o tal Ceará e eu a observando. Seus cabelos eram loiros nas pontas, como se há muito ela tivesse desistido de tingi-los. Não eram longos, nem curtos. Não tinha como saber o comprimento exato, já que estavam presos em um nó desajeitado. Mesmo com o short surrado e os sapatos puídos, sua beleza era perturbadora. Senti algo que há muito não sentia. Desejei aquela garota. Desejei que ela fosse minha de maneiras que nem eu sabia serem possíveis. A voz doce da garota me tirou de meus devaneios. -...aqui a essa hora? -Perdão, o que disse? -Eu perguntei o que diabos você faz aqui a esse horário? -Eu...isso não é da sua conta! -Pois então, deveria ter deixado o Ceará depenar você, para dar uns tiros. -Dar...uns tiros? -É mano, cheirar um **, tá ligado? -Que idioma é esse que você fala garota? Não entendo metade do que diz. -Isso é gíria. Minha mãe fala que é f**o falar assim. Mas a gente não tem respeito aqui se não engrossar. -Comigo não precisa engrossar, mesmo porque não vou entender. - Eu sou Dill. -Ah, prazer Dill. -E você, quem é? Dá para ver que não é daqui. -Eu sou... Gui... -Prazer Gui. -Obrigada pela ajuda com o... -O Ceará. Ele é até gente boa, quando não tá na nóia. Ele era trabalhador, sabe, conheço ele desde menina. Ele tinha uma esposa que amava, ela estava grávida, mas aí o pelotão doze apareceu num dia. Disse que ela estava descumprindo a lei, não sei ao certo o que ela fez, mas dizem que roubou comida, porque tinham cortado os suprimentos e ela como estava grávida estava m*l com a fome. Mataram ela com um tiro na nuca, na frente dele. Ele ficou em depressão, até que descobriu a cocaína. No primeiro pino já ficou assim... -Eu...não sei o que dizer. -Nada, não adianta. Nada pode mudar o que passou. Eu também tenho meus fantasmas e nem por isso fico me drogando. Mas cada um, cada um. -Tá... ficando tarde. Preciso ir. -Vai de que? -De trem. - Já era, o trem fecha a meia noite. Só amanhã agora parceiro. Fiquei mudo. Quando ela fosse embora eu chamaria um taxi. -Vou esperar aqui. -É perigoso. -Eu sei me cuidar...apesar de ser aleijado. -Credo, que palavra mais h******l. Você não é um aleijado. -E essa não é a palavra que define deficiente? -Sei lá, para mim aleijado é como se faltasse um pedaço. -E falta Dill. -Não falta não. -Sou um homem pela metade. -Então senhor homem pela metade, não posso permitir que passe a noite aqui sozinho. -Vai ficar aqui comigo? -Pirou? Não podemos ficar na rua, é perigoso. Vou te levar para minha casa. -Não é necessário. Você nem me conhece. -Não acho que ofereça perigo. -Porque sou um inválido? -Tem como você parar com esse complexo? Coisa chata. Não acho que você ofereça perigo, porque quem oferece perigo aqui não se parece em nada com você. -Se parece com o Ceará? -Coitado do Ceará, oferece perigo apenas para ele mesmo. O perigo aqui vem do alto. Entendi o que ela quis dizer. O perigo vinha dos pelotões, da ditadura, a minha ditadura. Realmente ela não sabia o perigo que eu podia significar.

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