Estoy de vuelta, Madrid.

1008 Words
Alana     MADRID. Capital da Espanha. Lugar onde cresci e vivi. Voltar, desembarcar no aeroporto de Bajarás ao som de Mardy Bum, dos Monkeys em meu player, me traz uma sensação de saudade, lembro-me dos bons momentos que vivi nesta cidade tão linda, cheia de cores e sabores. Olho ao meu redor, e observo as pessoas, algumas comemorando a chegada, outras se despedindo, e isso me lembra do dia que parti, e fui morar no Brasil. Naquele momento, eu realmente pensava que ir embora fosse a solução, mas não foi. Continuo sentindo a mesma coisa, vivi em São Paulo por dois anos, mas não consegui esquecer, talvez a distância tenha intensificado o que eu já sentia por ele. Vocês estão se perguntando, de quem estou falando? Ele é o filho do meu padrasto, seu nome é Daniel, mas todos o chamam de Dani. Nossos pais se casaram quando eu tinha 7 anos, e ele 11, embora eu nunca tenha o olhado como um irmão, Dani sempre me tratava como sua irmã, nunca me viu com outros olhos, ao contrário de mim. Não sei ao certo quando isso começou, sei que senti sempre algo diferente por ele, sempre o achei lindo, inteligente, e o pior que eu nunca consegui gostar de ninguém, ou estar em um relacionamento. Meu amigo Eduardo, diz que fiquei obsessiva com esta história, algo que não concordo, se não consigo me relacionar com outros caras é porque meu coração está ligado ao Dani, e depois de todo esse tempo longe estou disposta a mudar essa situação, pois, minha temporada no Brasil me ajudou a decidir. Vocês devem estar pensando que fui embora por causa dele, em parte sim, mas também tive vontade de conhecer melhor o meu pai, pois, nunca tive uma relação tão próxima com ele, e naquele momento ele estava doente e precisando de minha ajuda, aquela era a oportunidade ideal para me aproximar dele, e ficar longe do Dani. Contudo, pensei que enquanto conhecia um pouco mais o meu pai, esqueceria o amor que sinto, conheceria outra pessoa, mas isso não aconteceu. Entretanto, conheci meu pai, e descobri uma pessoa maravilhosa, infelizmente ele não era assim na época que minha mãe foi embora do Brasil, e veio estudar em Madrid, mas não ficarei aqui remoendo o passado, e muito menos, o passado dos meus pais. Por isso, decidi, não posso ficar amarrada ao passado, esperando que algo aconteça sem que ao menos tente agir, então, tenho que fazer algo, viver o presente pensando no futuro. Para isso, eu preciso tentar, tenho que me declarar para ele, conquistar seu amor, se eu não tentar, sinto que estarei presa a essa história de todo modo, pois, mesmo que eu não consiga nada, preciso dar um ponto final e seguir meu caminho. Divagar sobre meus sentimentos me deixa tão distraída, que não percebo minha mãe se aproximar de mim, no saguão do aeroporto. Nosso encontro não poderia ser mais caloroso, eu senti sua falta, e abraçá-la, sentir seu perfume inconfundível de jasmim, me deixa tão feliz. Seguimos para casa, e esta já não era mais aquela no primeiro andar de um pequeno prédio, numa área simples de Madrid, há alguns anos nos mudamos para um condomínio fechado. Quando fui morar no Brasil, tudo ainda estava em reforma, mas agora parece bem diferente. Passamos pela guarita depois de uma breve identificação, e continuamos a seguir pela rua principal, cada lado possui casarões com um extenso gramado, e quando o carro de minha mãe para em frente à nossa casa, fico impressionada. Sua fachada na cor creme com algumas partes envidraçadas, um design magnífico, lembra um pequeno prédio, e tudo isso foi possível depois que Dani se profissionalizou, e virou uma estrela do futebol. Quando entro na nova casa fico mais impressionada com o que vejo, é tudo tão clean, a sala e os móveis da mesma cor, branco. Estou maravilhada e sou tirada do transe em que me encontro quando escuto gritos de boas-vindas que vem de uma porta envidraçada. — SEJA BEM VINDA, ALANA! Eu não esperava por uma recepção assim. Há pessoas conhecidas, e outras que eu nunca vi, e o primeiro que vem me abraçar é meu padrasto. Ele continua com seu porte elegante, atlético, e foi uma das coisas que atraiu a minha mãe, além dos belos olhos castanhos que possui. — Quanta falta você fez aqui em casa, até daquela música barulhenta que você escutava eu senti falta, Lana! — Que bom que sentiu minha falta, também senti o mesmo. — E de mim você sentiu falta? — Ouvir aquela voz grave falando bem atrás de mim, me deixa arrepiada. — Impossível, esquecer você! — Respondo e viro-me, abro um grande sorriso para Dani, que me abraça com muita força. Sentir seu cheiro maravilhoso, aquele perfume cítrico que ele sempre usou, isso me deixa em pleno delírio. Senti muita falta deste cheiro, do abraço… De tudo isso. Ele parece mais lindo do que nas imagens do buscador da Internet, e aparentemente mais forte, seu cabelo num corte espetado, seu sorriso largo, seus belos olhos castanhos de um tom escuro, a barba por fazer roçando a pele do meu rosto, seus braços me envolvem, e eu não quero que este momento acabe. Poderíamos passar a noite toda assim, mas infelizmente ele me solta, e fala algo. — Quero te apresentar uma pessoa muito especial pra mim... — ele vira-se e segura a mão de uma garota loira, olhos azuis, com um sorriso vibrante, lábios muito avermelhados devido ao batom. — Essa é a Isabella, eu a conheci na última viagem que fiz a Milão, com o time. Estamos namorando. O quê? Como assim, namorando? Por Dios, ele falou isso mesmo? Não é possível! Eu não acredito, eu me recuso a acreditar. Não lembro dessa informação, ninguém me contou, não vi na Internet, nos sites de fofocas. Isso só pode ser uma pegadinha! É nesse momento, que eu me lembro do que o Alex diz em minha música preferida dos Monkeys, Mardy Bum...  
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