CASAMENTO REMUNERADO

Porque eu odeio meu chefe

Catharina Montes:

Passar dois anos suportando o todo poderoso e arrogante Damian Blane, parecia um suplício infindável para mim, mas eu estava explodindo de felicidade por finalmente estar me formando e esse estágio impossível se acabar, desistir nunca foi comigo, então eu suportei cada dia desse infeno.

Meus últimos dois anos na faculdade de programação foi o menor dos meus problemas, eu sempre tive facilidade na escola e na faculdade não foi diferente, ser estagiária do TI/Assistente Pessoal do mais workaholic de todos os empresários, Sr. Damian Blane, esse sim foi o meu ploblema.

Sempre ouvi dizer que os americanos são viciados em trabalho, mas o Sr. Blane eleva isso a outro nível, tipo, me ligar as três da manhã de um sábado, para me avisar que vai precisar que eu trabalhe no domingo, transcrevendo uma reunião com um empresário francês, que vai estar na cidade por apenas um dia. Eu senti na pele, todos os dias, por dois anos e me tornei uma workaholic como ele, por falta de opção, pois se eu perdesse o estágio em uma multinacional como essa, nenhuma empresa de respeito iria me aceitar.

A história que ele conta para a mídia, é que ele se apaixonou pelo Brasil e pelo povo brasileiro e por isso decidiu construir seu império neste país, mas o que eu acredito realmente é que ele se apaixonou pelo potencial de ganhos em todo dinheiro que viu que ganharia aqui.

Digo isso porque nunca o vi olhar duas vezes pela janela do escritório dele, que tem uma linda vista e também nunca o vi conversar com qualquer brasileiro que não seja empresário e que possa aumentar em mais alguns milhões sua pomposa fortuna, vi por esses dias, uma reportagem em uma revista de negócios que fazia uma projeção em que ele será bilionário até o ano que vem, isso sem contar o dinheiro da família dele, que é uma das mais poderosas nos Estados Unidos da América.

Você pode imaginar o Sr. Blane como um homem de meia idade, ou até mais velho, mas a verdade é que ele é um belo exemplar masculino, com um metro e noventa e três, moreno, um belo par de olhos azuis e a suspeita de um belo tanquinho sob aquele terno, tão formal e de uma inteligência incrível e quando ele põe aqueles óculos, que usa somente na sala dele, fica irresistível, porém, ninguém podia ignorar o sério problema que ele tinha quando abria a boca, causa e motivo do meu ódio, pois era através daquela boca sensual e carnuda que ele exalava seu temperamento impossível, eu o odiava por isso e por tudo o que tenho perdido na minha vida por longos dois anos em que não tenho vida para além das paredes desse escritório. Aliás, o que eu tenho aqui, também não pode ser considerado vida, pois eu apenas sobrevivo e vivo para servir o grande mestre dos mestres Sr. Damian Blane. Fala sério, o homem era tão idolatrado, mas não passava de um saco de estrume quanto ao tratamento aos seus funcionários, eu era uma sobrevivente, todos do escritório recorriam a mim para falar com ele, até mesmo alguns diretores da empresa o evitavam, eram todos uns covardes, por isso eu aguentava o fardo mais pesado.

O motivo pelo qual eu o odeio são diversas coisas acumuladas, desde a segunda semana que estou aqui ocupando o cargo de assistente pessoal dele, fatídica semana em que virei capacho oficial do todo poderoso, lindo e despresível do meu chefe.

No começo parecia ser uma oportunidade única, trabalhar lado a lado com o CEO da Blane Corporation, tanto a aprender, parecia um sonho e devo admitir que tenho aprendido muito, mas a um custo que para mim, não tem mais como pagar. Todo o brilho que havia em meus olhos quando entrei aqui, foram se apagando pouco a pouco a cada grosseria que ele dedicava a mim. Sim, ele se dedicava a me maltratar não haviam maus tratos físicos é claro, mas o meu psicológico estava em farrapos, conforme o meu brilho ia se apagando o dele foi se acendendo, a satisfação dele não se podia esconder, mesmo sob aquele rosto engessado que ele tinha e que não mudava de expressão, nada o abalava.

Quando eu comecei o estágio estava muito feliz, meu primeiro emprego e também a primeira vez em que me senti parte de um grupo, finalmente eu tinha amigas. Nosso estágio tinha um total de quinze e nos tornamos cinco amigas, uma amizade instantânea e muito sincera, talvez por causa delas eu tenha conseguido suportar o caminho até aqui. Porém, agora eu não era próxima de realmente nenhuma delas, o meu trabalho não me deixava ter qualquer relacionamento, nem mesmo uma amizade. Eu não tinha energia para mais nada.

Mas então, na segunda semana a Assistente Pessoal do Sr. Blane se demitiu, eu posso até imaginar o porquê, então, o tirano resolveu escolher entre os estagiários sua próxima vítima e lógico que fui eu o pato da vez.

Eu tenho raiva só de lembrar o quanto eu estava exultante, até o meu primeiro dia. Cheguei com o melhor humor, cedo, fiz o café para ele, faltavam cinco minutos para começar o expediente, entrei na sala com um sorriso polido, mas esse sorriso e toda a minha empolgação morreu quando eu dei bom dia e ele me fuzilou com aqueles olhos azuis, isso me deu um arrepio, mas eu definitivamente não estava feliz, mas com medo, então ele disse:

- Está atrasada.

Primeiramente eu não entendi, faltavam cinco minutos para começar o expediente, depois me subiu uma raiva, por ele ser tão arrogante, mas me controlei, ainda tinha esperança de que ele fosse ser ao menos educado comigo, então respondo:

-Mas ainda faltam alguns minutos para começar o expediente Sr. e eu estava fazendo seu café.

Ele me olhou ainda mais arrogante, como se não estivesse acreditando que alguém na face da terra ousou contestá-lo:

-Eu sempre chego dez minutos mais cedo, amanhã quando eu chegar, quero o café na minha mesa. Agora pode ir.

E me dispensou como se eu fosse uma i****a sem cérebro e ele um Deus que não podia perder tempo com as minhas tolices. E esse é o motivo pelo qual eu tenho meu relógio vinte minutos adiantado, para não chegar atrasada em qualquer compromisso de trabalho com o Sr. Blane. Eu entrava naquela empres mais cedo do que todos os outros funcionários e saía de lá, apenas depois que todos haviam saído, não era raro eu entrar na aula atrasada.

Eu sei, você deve estar pensando que eu deveria ter ido embora a muito tempo, mas essa é a minha carreira que está em jogo, minha carreira é tudo o que eu tenho, além disso, eu não deixo trabalhos inacabados e principalmente, eu faço o meu trabalho o mais perfeitamente possível, porque quando eu for embora daqui a um mês esse i****a prepotente saberá que não existe pessoa nesse mundo que o suporta, pois eu duvido que qualquer assistente vá durar mais que duas semanas com um chefe tão i****a e impossível como ele. Se ele estivesse na minha pele por um dia, tenho certeza que ele próprio não se suportaria. Mas, seguirei firme e forte, até o último dia do estágio e com toda a satisfação assinarei a minha carta de finalização de contrato. Sabe, para mim, nada aqui se trata do dinheiro, que na verdade é muito bom e me propocionou melhorar a minha vida, mas se trata da minha dignidade, esse homem poderia compra tudo, mas eu não passaria um dia além do necessário sob o pé dele. Eu determinei a minha vitória, ninguém nesse mundo vai estragar meus planos, nem mesmo o i****a do meu chefe e se todo esse ódio servir para alguma coisa, será para ir embora daqui sem nenhum remorso quando chegar a hora.