JEAN

979 Words
Quando Jeffrey nasceu, Jean não quis vir ficar comigo na casa da minha mãe. Decidiu que viria nos ver todos os dias, mas dormiria em casa. Eu queria entender o que estava acontecendo, mas não podia perguntar a minha cunhada recém casada. Achava que tudo era reflexo da morte de Chiquinho, afinal, só fazia dois meses que ele morreu! Quando ele tinha um mês, decidi que ia voltar pra minha casa! Alguma coisa estava errada e se eu não voltasse, meu casamento acabaria! Quando comuniquei minha decisão pra minha mãe e irmãos, Adrielle começou a chorar e se trancou no quarto. Deixei minha mãe com os meninos, e fui conversar com ela, mas se recusou a me contar. Rodrigo disse que iria falar com ela e eu esperei ele fechar a porta e o segui. Ouvi Adrielle chorando inconsolada: — Eu vi ele beijando ela, eu vi! Você sabe que eu vi porque ele confessou! Ele disse que ia contar pra ela, mas não contou. E agora ela vai voltar pra ele sendo enganada! — Eu sei o que você viu, Adrielle. Mas a gente precisa lembrar que nossa irmã tem dois filhos com ele. Eles vão achar um jeito de se entender e nós dois vamos ficar como os fofoqueiros! — Lá vem você com seu machismo. Os homens se defendem sempre. Você deve achar que é normal aquele filho da p**a traindo nossa irmã enquanto ela está aqui de resguardo cuidando de dois filhos pequenos! Meu mundo desabou! Então Jean estava beijando outra mulher? Como eu faria pra ter certeza? Se eu o confrontasse, ele saberia eu eu soube pelos meus irmãos. Não podia fazer isso. Adrielle sempre teve verdadeira adoração por ele! Quando ele veio a noite, tratei normalmente, depois eu o segui. Se ele estava com amante que Adrielle possa ter flagrado, era de perto. Mas só vi ele entrando na casa da mãe dele e em menos de dez minutos saindo de novo. Entregou meu capacete pra Cinthia e ela subiu na moto. Cintia era amiga da Eduarda, a irmã uma posição mais nova que ele. Ela sempre estava lá desde que a gente era criança. Dos 9 irmãos vivos, só o Marcos não era casado, mas por opção. Mesmo com Eduarda nem morando mais lá, era como se fôssemos uma família, e depois que o Chiquinho morreu, ela passou a vir quase todos os dias ver minha sogra. Dar aquele apoio! Muito provavelmente ela ter ficado até mais tarde e Jean estar levando ela em casa. Eu não relatei que sabia até o final de semana, segui ele todos os dias e percebi um padrão: todos os dias ela subia na moto com meu capacete. Primeiro comecei a achar ela muito folgada, ficar esperando ele pra ir embora. Ela que fosse mais cedo! Mas alguma coisa não estava batendo. Eu ia confrontar ele no domingo, na frente da família dele, depois do almoço, se não descobrisse nada. Mas no sábado de manhã teve encrenca na casa da minha mãe. Adrielle queria sair com uma das meninas pra quem eu dei aula nos meus tempos de reforço. Minha mãe não gostava das companhias da Adrielle. Tinha medo que ela acabasse se envolvendo com o crime. Eu encontrei a solução. Pedi pra ela ajudar a mamãe com os meninos porque eu ia sair a noite. Chamei o Rodrigo, falei pra ele que eu sabia que Jean estava me traindo com a Cíntia. Falei que eu precisava flagrar e ele ia me ajudar. Ele concordou e assim que Jean se despediu naquela noite, Rodrigo saiu de moto. Ele ficou parado na frente da farmácia, onde tinha uma visão da casa da minha sogra, mas quem estava lá não tinha visão dele. E eu escondida dentro do meu portão sem visão de nada, com o portão aberto esperando o Rodrigo vir me buscar! Eu só pensava como era doida envolver meu irmão de 16 anos naquela loucura. Ele pilotava muito bem, mas foi o Chiquinho quem ensinou ele. Ele usou parte da indenização do meu pai pra comprar aquela moto. Era um cabrito, claro. E ainda faltavam dois anos pra ele tirar habilitação, mas ele dirigia o caminhão que meu pai ensinou desde os treze anos e o carro do meu pai também. Mas ali parada, esperando por ele, me lembrei que o mentor dele no piloto estava morto por causa de um acidente de moto. Meu ar faltou e eu tive muita dificuldade de respirar, imaginando eu caída morta em uma poça de sangue e Jean criando meus filhos com a Cíntia. Quando ia desistir, Rodrigo encostou. Tínhamos combinado que eu tinha que subir rápido na moto. Assim que Jean colocou o capacete e arrancou, Rodrigo foi me buscar. Eu já estava de capacete, trepei na garupa e ele só falou: — Segura, porque quando a gente passar na lombada você vai subir e se não tiver segurando, quando voltar não tô mais lá. Segurei com toda a força na cintura do meu irmão, sabendo que ele falava sério. Nós assistimos muitos rachas juntos na quebrada pra saber como funcionava! Mas logo ele teve que reduzir: estava há dois carros de Jean, e então começamos a segui-lo. Era assustador ver o quanto ele pilotava devagar, enquanto conversava com ela, algumas vezes colocando a mão na perna dela e pilotando com uma mão só. Mas o pior foi ver que ele estava fazendo o caminho da minha casa. Não! Eu não estava acreditando que ele estava levando aquela sirigaita pra minha casa. Meu lar! O lar dos meus filhos! Minha cama! Mas ele me fez acreditar quando seguimos ele até a esquina da minha casa, vimos ela descer e abrir a garagem, ele entrar e ela fechar o portão. — O que você quer fazer agora? — Esperar eles saírem. Quase duas horas depois, eu decidi entrar!
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